terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

PIERROT LE FOU (O Demônio das Onze Horas), 1965


Jean-Luc Godard costumava dizer que não havia mais filmes a se fazer. Então reinventou o modo de filmar sendo a maior influência em cineastas de todo mundo (especialmente nossos cinemanovistas). “Pierrot Le Fou” melhor que qualquer outro de seus filmes é inovador na forma e conteúdo embora Godard superestime seu espectador com uma narrativa por vezes caótica nem sempre fácil de ser seguida. Ferdinand Griffon (Jean-Paul Belmondo) é casado e resolve deixar sua confortável vida burguesa em Paris partindo para uma aventura com a jovem Marianne (Anna Karina). A moça tem uma vida dupla, dedicada também ao amante e ao tráfico de armas. Pierrot descobre e se desespera colocando fim à traição. Godard fez de “Pierrot Le Fou” uma colagem com espaço para o que mais admirava: o filme policial, citações literárias, quadrinhos, pintura e música. Tudo num filme luminoso passado em sua maior parte próximo ao Mar Mediterrâneo, filme que em momentos se torna sublime por seu lirismo. O frenético ritmo das sequências violentas é interrompido ou por comicidade ou pela sensualidade de Anna Karina sem que haja qualquer apelo ao sexo. Espécie de “Bonnie & Clyde” com alma. O diretor já estava separado da atriz (com quem fez sete filmes), mas a prova de amor que é “Pierrot le Fou” é comovente. O bruto Belmondo está admirável como homem intelectualizado. A obra-prima não só da Nouvelle Vague, mas do cinema. 10/10



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