quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

A NOITE (La Notte), 1961


Esta segunda parte da trilogia de Michelangelo Antonioni, entre “A Aventura” e “O Eclipse” divaga pelo universo preferido do diretor, o da dificuldade de comunicação que leva à deterioração de relacionamentos. Lídia (Jeanne Moreau) é casada com o escritor Giovanni Pontano (Marcello Mastroianni) e sofre porque sabe que o marido não resiste ao encanto de outras mulheres. Em uma festa promovida por um industrial de Milão em sua mansão, Giovanni flerta com Valentina (Monica Vitti), a filha do ricaço e despedaça um pouco mais a angustiada Lídia que se sente perdida em meio à frivolidade reinante no local. Menos importante que essa subtrama é Antonioni mostrar como o tédio e a melancolia destroem as pessoas, mesmo elas vivendo em uma cidade pulsante como Milão. Lídia vaga longamente pela cidade em busca de algo que não existe, a solução para seu casamento. Valentina é outra figura patética que não sabe o que fazer de sua vida. Entre ambos Giovanni, personagem em tudo parecido com o jornalista Marcello de “La Dolce Vita” (até o terno parece ser o mesmo), apenas que Fellini incute em seu protagonista uma dimensão humana que Antonioni sequer rascunhou. Destaca o diretor a presença da mulher num filme com visão claramente feminista com Jeanne Moreau traduzindo admiravelmente a angústia de Lídia enquanto Mastroianni jamais se despe da nada comovente comiseração. A música incidental é quase toda jazzística neste premiado, influente e soturno drama. 7/10




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