terça-feira, 31 de julho de 2018

O PODEROSO CHEFÃO - PARTE II (The Godfather - Part II), 1974


O final do filme original realizado dois anos antes deixava clara a possibilidade de uma continuação da saga dos Corleones. No entanto Coppola e Mario Puzo optaram não apenas por uma mera continuação, mas em contar desde o início a trajetória do pequeno Vito Andolini que foge da Sicília chegando órfão a Nova York. Lá é introduzido nas atividades ilegais e logo cria sua própria ‘Famiglia’, que se torna muito poderosa. Um corte de 40 anos traz Michael Corleone (Al Pacino) às voltas com disputas entre interesses rivais, traições e execuções. “Se há algo certo nesta vida, é que se pode matar qualquer um”, diz Michael sintetizando seu modo frio de agir que o leva ao total isolamento. Flashbacks contrapõem a filosofia de Vito Corleone (Robert De Niro) à de Michael numa tragédia familiar de proporções tão enormes quanto a dramaticidade que envolve todos os personagens. A complexidade da trama é desenvolvida magnificamente por Coppola permitindo que os muitos personagens coadjuvantes ganhem importância, como o senador da história, um cruel retrato da classe política. As sequências da Nova York do início do século são deslumbrantes. Sem o carisma de Brando, Pacino domina o filme mas é Robert De Niro quem impressiona fortemente como o jovem Corleone. 10/10





domingo, 29 de julho de 2018

O PODEROSO CHEFÃO (The Godfather), 1972


Este filme de Francis Ford Coppola é um caso único na história do cinema: enorme sucesso de público conseguiu agradar aos mais exigentes críticos; com três horas de duração envolve totalmente o espectador mesmo sendo concebido como um ‘filme de arte’; arrebatou todos os prêmios possíveis e conseguiu a façanha de ter uma continuação com idêntico nível artístico; por fim confirmou que qualquer referência superlativa a Marlon Brando sempre parece pouco. O roteiro de Coppola e Mario Puzo (este autor do livro) mostra brilhantemente como funcionava a máfia, sua divisão, disputas internas e como dominava diversos setores da sociedade de políticos ao judiciário, passando pelos sindicatos. Don Corleone (Marlon Brando) é o mais poderoso entre os chefes da organização e resiste em ampliar os negócios (prostituição, proteção e jogo) com o mais lucrativo comércio das drogas. Outros chefes tentam eliminar o velho Corleone mas é seu filho Michael (Al Pacino) quem assume a liderança do clã, restaurando o poder ameaçado. Além de Brando, o grande elenco é magnífico com destaque para Al Pacino. Tudo é perfeito neste filme, da música de Nino Rota à fotografia de Gordon Willis culminando com a ambientação proporcionada pelo trabalho extraordinário do designer de produção Dean Tavoularis. 10/10






terça-feira, 10 de julho de 2018

NO VELHO COLORADO (THE MAN FROM COLORADO), 1948


Um filme reunindo os ainda jovens Glenn Ford e William Holden nos papeis principais é uma atração, mesmo que não se saiba ao final qual deles é o protagonista do título. Esta complexa história de Borden Chase roteirizada por Ben Maddow é uma agradável surpresa e mais ainda porque Glenn Ford interpreta um psicótico Coronel do Exército da União que comete uma atrocidade ao final da Guerra Civil. Nomeado Juiz Federal segue o juiz perpetrando atos que denunciam sua crescente loucura que o faz perder o melhor amigo (Holden) e também a esposa (EllenDrew). O desvario do militar o leva, como se fosse um Nero do século XIX, a incendiar uma cidade neste faroeste com forte carga psicológica. Henry Levin foi um diretor pouco lembrado de filmes nada memoráveis numa extensa filmografia que começou nos westerns B, mas vez por outra acertava em cheio, como neste western. Ford e Holden já haviam atuado juntos em “Gloriosa Vingança” (Texas), de 1941, e é Ford quem tem os melhores momentos como o sádico e atormentado ex-oficial. “No Velho Colorado” reserva bom espaço para excelentes coadjuvantes como Edgar Buchanan, Denver Pyle, Ray Teal e James Millican. Destoa a inexpressiva ruiva Ellen Drew cujo personagem é o único mal delineado. Este é um imperdível quase esquecido faroeste. - 8/10 - Cópia gentilmente cedida pelo cinéfilo e colecionador Sebá Santos.