A história de Ariane, jovem parisiense estudante de música clássica que se apaixona por um homem sedutor muito mais velho que ela, já havia sido levada ao cinema na França por duas vezes nos anos 30. Em 1957 Billy Wilder decidiu refilmá-la e escolheu Audrey Hepburn, então aos 28 anos para ser a nova Ariane. O diretor imaginava Cary Grant como par romântico de Audrey, mas devido aos compromissos Cary não pode aceitar, o mesmo acontecendo com Humphrey Bogart, segunda opção. O papel acabou nas mãos de Gary Cooper que aos 57 anos aparentava bem mais que isso e a comédia romântica rodada em locações em Paris tinha tudo para não dar certo. Só que Billy Wilder escreveu o roteiro com seu novo parceiro I.A.L. Diamond e o elenco tinha, além de Audrey Hepburn, Maurice Chevalier, ambos luminosos. Chevalier é o detetive particular especializado em descobrir adultérios, especialmente de esposas, e Ariane é a sua filha cujo passatempo é bisbilhotar nos arquivos do pai. Um dos clientes do detetive é um marido disposto a matar um norte-americano rico, homem de negócios que quando está em Paris dorme com a esposa desse cliente. Flannagan é bonitão, Audrey se sente atraída por ele e acaba por salvar sua vida. Os dois passam a se encontrar, sempre à tarde, até que o pai de Ariane descobre com quem sua filha está se encontrando e pede ao maduro conquistador para ele se afastar de Ariane. Acontece que o sedutor acabou seduzido pela jovem, com quem fica no final. A história, bem ao gosto de Billy Wilder, propicia toda amoralidade e cinismo que são as marcas do diretor-roteirista e ainda que os momentos engraçados não cheguem a provocar muitos risos, o filme é agradável de se ver. E isso porque Audrey está maravilhosa e Chevalier esplêndido. Notável o trabalho do cinegrafista William C. Mellor que fez o possível e o impossível para disfarçar o ar de cansaço de Gary Cooper. A canção ‘Fascination’ toca quase o filme todo, inclusive pelo quarteto de ciganos que são uma excentricidade do sedutor Flannagan para ajudar a criar o clima necessário para o amor. A melhor piada de “Amor na Tarde” foi Billy Wilder ter colocado como o marido traído o ator John McGiver e, como um dos casos de Flannagan, Audrey Young Wilder, que não é outra senão a esposa de Billy na vida real. Humor típico do genial Billy Wilder. 7/10
Billy Wilder e sua esposa Audrey Young Wilder