segunda-feira, 29 de julho de 2019

LARANJA MECÂNICA (A Clockwork Orange), 1971


Nenhum outro cineasta criou cenários tão impressionantes quanto Stanley Kubrick para sua fantasia futurística baseada no livro de Anthony Burgess escrito em 1959. Para seu tempo esta obra de Kubrick foi considerada ultraviolenta sendo que, ainda hoje choca pela brutalidade. A selvageria exposta na tela ganha contornos de maior crueldade com a música (Beethoven, Rossini) e a câmara inquieta sempre em busca de ângulos inusitados. Por momentos Kubrick dá a impressão de haver reinventado o cinema tal o deslumbramento que provoca com este filme excepcionalmente original. “Laranja Mecânica”, estranhíssimo título que a rigor nada significa, conta como Alex de Large (Malcolm McDowell), líder de uma gang, comete um assassinato, é preso e para poder sair da prisão aceita ser voluntário num programa de reabilitação. O programa ao qual é submetido o torna um ser com total aversão à violência, programa que visa reduzir a população carcerária com fins políticos. Kubrick é lembrado por ser o mais meticuloso dos cineastas e isso é notório na notável composição cinematográfica que obtém. Difícil então entender como esse diretor permitiu interpretações pavorosas como as do escritor, do oficial chefe da prisão e do inspetor correcional, todas em muito ultrapassando o ridículo. Há muito sexo e sadismo, mas é a inesquecível criação de Malcolm McDowell que torna obrigatório este filme imperfeito. 8/10.


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