terça-feira, 4 de abril de 2017

OS CAFAJESTES, 1962


Celebrado por conter o pioneiro nu frontal do cinema brasileiro, este filme do moçambicano Ruy Guerra foi um dos precursores do movimento renovador denominado Cinema Novo. Fortemente influenciado pela Nouvelle Vague, Ruy Guerra não se fez de rogado e recheou este seu primeiro filme com a dinâmica câmara (na mão, claro), composição de imagens e situações que em tudo remetem a Godard, Chabrol e Truffaut em seus trabalhos iniciais. E a inspiração para narrar a longa jornada de loucuras de dois jovens boas-vidas certamente veio de Mauro Bolognini e Federico Fellini. Para completar não poderiam faltar os cansativos diálogos sobre a alienação dos personagens principais ou os prolongados silêncios à moda de Antonioni. À magnífica fotografia de Toni Rabatoni nas sequências noturnas some-se a boa interpretação de Jece Valadão que melhor que ninguém vivia um ser desprezível, o bem acabado cafajeste do nosso cinema. Daniel Filho não fazia suspeitar o ótimo ator que se tornaria anos depois. Raro sucesso de público do Cinema Novo deve-se sem dúvida à exposição da nudez de Norma Bengell maravilhosamente fotografada numa sequência que ficaria muito melhor se reduzida à metade para não perder a força como aconteceu. 6/10






Direção: Ruy Guerra / Elenco: Jece Valadão - Norma Bengell - Daniel Filho - Glauce Rocha - Lucy de Carvalho - Hugo Carvana - Aline Silva - Germana de Lamare - Fátima Somer

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