terça-feira, 18 de abril de 2017

O HOMEM DO SPUTNIK, 1959


A partir do incrível roteiro de Cajado Filho, Carlos Manga realizou esta que é uma das melhores comédias nacionais, também chamada de ‘chanchada’. Cai no galinheiro do simplório Anastácio Fortuna aquilo que seria o satélite soviético ‘Sputnik’, pretexto para Cajado Filho satirizar deliciosamente a Guerra Fria. Russos, norte-americanos e franceses são ridicularizados impiedosamente e Manga se aproveita para fazer citações ao melhor do cinema norte-americano como a abertura lembrando “Cidadão Kane”, o trio russo de “Ninotchka” e a excepcional sequência noturna em que Cyll Farney escapa dos espiões da USA (e abusa), digna dos grandes policiais de Hollywood. Claro que sobra também para nossos políticos e para o laborioso e incorruptível funcionalismo público. Oscarito leva seu insuperável talento de um casebre para o suntuoso Copacabana Palace onde ocorre o antológico encontro com a ‘Bebê’ criada pela escultural Norma Bengell. Sem Grande Othelo, Oscarito tem a companhia de Zezé Macedo enquanto Hamilton Ferreira é o mais engraçado dos espiões, com Jô Soares (ainda como Joe aos 20 anos de idade) não conseguindo arrancar sequer um sorriso do espectador. Excepcional trilha musical de Radamés Gnatalli completa esta comédia clássica do nosso cinema que contraria o postulado que ‘chanchada não tem pé nem cabeça’. 8/10






Direção: Carlos Manga / Elenco: Oscarito - Zezé Macedo - Norma Bengell - Cyll Farney - Neide Aparecida - Jô Soares - Hamilton Ferreira - Alberto Pérez - Hilton Gomes - Heloísa Helena - Fregolente - Nestor de Montemar - Grijó Sobrinho - César Viola - Ernesto Braga - Abel Pêra - Tutuca - Labanca.

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