segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

AMEI UM BICHEIRO, 1953


A Atlântida reinava com as rentáveis chanchadas no início da década de 50 quando Jorge Ileli decidiu remar contra a correnteza e fazer cinema em outro gênero, o policial noir, então ainda em voga. Ileli roterizou a história de autoria de Jorge Dória e a dirigiu em parceria com Paulo Wanderley tendo como diretor assistente (José) Carlos Manga. O resultado da reunião desse grupo foi o muito bom “Amei um Bicheiro” que aborda o submundo do jogo do bicho, contravenção penal que mantinha a polícia ocupada num tempo em que não se falava em tráfico de drogas e armas. José Lewgoy é o banqueiro enganado por seu braço direito Cyl Farney que tem uma razão premente para trair o chefe: a necessidade de dinheiro para operar sua esposa Eliana. A queridinha da Atlântida não é a loura fatal da história, personagem que ficou para a francesa Josette Bertal. A dupla Ileli-Wanderley desenvolve a história magnificamente e a atmosfera noir criada pelo cinegrafista Amleto Daissé torna o Rio amedrontador com suas ruas mal iluminadas, cenário perfeito para este melodrama policial. Grande Otelo tem, segundo ele próprio considera, sua melhor atuação em um filme e a sequência de sua morte é marcante. Num ótimo elenco que conta ainda com Jece Valadão, Wilson Grey e Aurélio Teixeira em pequenos papeis até a dramaticamente limitada Eliana rende mais do que o esperado. 8/10 





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