segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

GLÓRIA FEITA DE SANGUE (Paths of Glory), 1957


Perguntado sobre qual filme mais teve orgulho em fazer, Kirk Douglas respondeu de pronto: “Sem dúvida, ‘Glória Feita de Sangue’ pela força, coragem e atualidade que mantém”. O ator poderia ter dito mais, como por exemplo que esse filme realizado por Stanley Kubrick aos 29 anos de idade beira a perfeição e é verdadeira aula de como se fazer cinema, inclusive com pouco dinheiro. Custou 935 mil dólares, um terço do que foi gasto com “A Ponte do Rio Kwai”, também de 1957 e que arrebatou uma penca de Oscars. Como muitos outros grande filmes, “Glória Feita de Sangue” sequer foi lembrado em nenhuma categoria, nem mesmo diante da soberba interpretação de George Macready como o odioso General Mireau. Magistralmente Kubrick mostra que morrem em batalha os homens simples enquanto os aristocratas com o peito coberto de medalhas se reúnem em luxuosos castelos onde tramam promoções a custa de calculadas morte nos campos de guerra. Talvez o mais cruel dos filmes, com os sórdidos dez minutos iniciais de diálogo nauseabundo entre os dois generais franceses. A farsa do tribunal militar montado para condenar três soldados cuja execução ‘servirá de tônico para a divisão’ e o impressionante travelling da câmara de Kubrick na trincheira são igualmente pontos altos. O diretor chegou a pensar num final feliz, ideia ainda bem rechaçada e o filme se fecha poeticamente com a moça alemã e soldados (que logo certamente morrerão) irmanados numa terna canção de amor. Obra-prima. 10/10

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