René Clément foi um dos
diretores massacrados pela turma da Nouvelle Vague. E justamente no ano em que
foram lançados “Acossado”, “Os Incompreendidos” e “Hiroshima, Mon Amour”,
Clément respondeu a Godard, Truffaut e cia. com um suspense que marcou época: “O
Sol por Testemunha”. Esqueça-se o tom sombrio dos filmes noir, as vielas
escuras e as feições abrutalhadas dos vilões. Este thriller policial é
luminoso, ensolarado, e excepcionalmente inteligente, com um trio central
formado por atores muito bonitos. Alain Delon esbanja charme como o amoral e ardiloso
vilão que cobiça não só a fortuna do amigo mas também ficar com sua namorada. A
autora Patricia Highsmith gostou do filme e disse que ao escrever a história em
1955 jamais imaginara alguém como Delon para interpretar o talentoso Mr.
Ripley. Filmado em estonteantes locações no Mar Mediterrâneo, o filme de
Clément possui uma sequência antológica quando Tom Ripley percorre uma feira
livre de rua em Nápoles e os peixes mortos olham para ele como que o condenando
pelos assassinatos cometidos. As nuances homossexuais do livro foram atenuadas,
o que não ocorreu no remake “O Talentoso Mr. Ripley”, de 1999. Embora muita
tinta tenha sido gasta com o inovador “Acossado”, o público preferiu mesmo ver o
excelente “O Sol por Testemunha”. 9/10
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