Anselmo Duarte faleceu aos
89 anos de idade e nas últimas cinco décadas de sua vida foi um homem amargurado
e rancoroso. Mesmo após ter realizado um dos marcos da cinematografia
brasileira – “O Pagador de Promessas” – Anselmo nunca teve seu talento como
diretor devidamente reconhecido aqui no Brasil. Conviveu com o ciúme de toda
uma geração de cinemanovistas (e seus seguidores) que nunca o perdoou por fazer
um cinema sem modismos. ‘Acadêmico’ era
o adjetivo menos pejorativo que Anselmo recebia, de nada adiantando ter vencido
Buñuel, Antonioni, Preminger e outros idolatrados diretores ao trazer para o
Brasil a ambicionada Palma de Ouro. Levada ao cinema após ser encenada em 1960,
a história de Dias Gomes não perdoa ninguém, desde a intolerância da igreja ao
sensacionalismo da imprensa, passando pela polícia corrupta. Abordando tema brasileiríssimo
que é o sincretismo religioso, Anselmo filmou quase que inteiramente nas escadarias
da Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo, em Salvador. Leonardo Villar
estupendo como Zé do Burro e brilhantes Norma Bengell e todo o elenco. “O
Pagador de Promessas” sempre emociona e é um filme perfeito, descontada a
música intrusiva de Gabriel Migliori. 10/10
Prezado Darci,
ResponderExcluirSomente hoje tomei conhecimento desse seu blog "Ídolos da Tela", excelente idéia.
O "Pagador de Promessas" para mim, junto com "O Cangaceiro", "Vidas Secas", "Assalto ao Trem Pagador" "Dona Flor e os seus dois maridos" e mais recente os dois "Tropa de Elite", "Central do Brasil","Gonzaga" e alguns outros os quais no momento não recordo os nomes.
Quando das filmagens de "O Pagador de Promessas" em 1961, acompanhei praticamente todas as tomadas nas escadarias do Passo, inclusive posei de figurantes, e lá conheci alguns atores como Leonardo Villar, que vivia ZÉ do Burro dentro e fora das filmagens, Norma Benguel, muito bonita e falastrona, Gloria Menezes, tinha outro nariz e Dionísio Azevedo, também, vivia o papel do Padre dentro e fora das filmagens. Os demais atores como Geraldo D'El Rei, Othon Bastos, Roberto Ferreira (Zé Coió), Milton Gaúcho e alguns não profissionais como Dr. Irenio Simões (Diretor do Jornal A TARDE) Drs. Enock e Carlos Tores (Dentistas e professores) eu já os conhecia pesoalmente.
É importante falar sobre Anselmo Duarte, excelente diretor de cenas e de elenco, preparava as tomadas se preocupando com a continuidade e com os movimentos dos atores e dos figurantes, era um olho na câmera e outro no resto, autêntico profissional. Pessoalmente, quando relaxava, gostava de contar piadas e histórias sobre os atores e diretores que ele havia trabalhado.
Gostaria de fazer uma correção a foto com o nome de Walter da Silveira é na verdade de Carlos Torres. O crítico de cinema e escritor Walter da Silveira, aparece como uns dos padres da cúria sentado junto a mesa e tem uma fala.
Grato pelo espaço e um novo ano repleto de realizações.
Mario Peixoto Alves
Olá, Mário, que prazer vê-lo por aqui. Confesso que tive muita dificuldade em identificar alguns atores deste filme devido à falta de material a respeito dos mesmos. Já fiz a correção com o nome de Carlos Torres. Uma pena não ter descoberto você entre os figurantes e como você pode ver 'pesquei' o Ignácio de Loyola Brandão, com quem trabalhei no jornal Última Hora, em São Paulo e que fez figuração. Muito boas as informações de bastidores que você relatou, especialmente sobre Anselmo Duarte, de quem acabo de rever 'Quelé do Pajeú'. Quando estive em Salvador fiz questão absoluta de visitar as escadarias da Igreja do Passo, para mim cenário deste que é um dos melhores filmes nacionais de todos os tempos. Agradeço e retribuo os votos e deixo aqui meu abraço no amigo. - Darci Fonseca
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