Esta segunda parte da
trilogia de Michelangelo Antonioni, entre “A Aventura” e “O Eclipse” divaga pelo
universo preferido do diretor, o da dificuldade de comunicação que leva à
deterioração de relacionamentos. Lídia (Jeanne Moreau) é casada com o escritor
Giovanni Pontano (Marcello Mastroianni) e sofre porque sabe que o marido não
resiste ao encanto de outras mulheres. Em uma festa promovida por um industrial
de Milão em sua mansão, Giovanni flerta com Valentina (Monica Vitti), a filha
do ricaço e despedaça um pouco mais a angustiada Lídia que se sente perdida em
meio à frivolidade reinante no local. Menos importante que essa subtrama é
Antonioni mostrar como o tédio e a melancolia destroem as pessoas, mesmo elas
vivendo em uma cidade pulsante como Milão. Lídia vaga longamente pela cidade em
busca de algo que não existe, a solução para seu casamento. Valentina é outra
figura patética que não sabe o que fazer de sua vida. Entre ambos Giovanni,
personagem em tudo parecido com o jornalista Marcello de “La Dolce Vita” (até o
terno parece ser o mesmo), apenas que Fellini incute em seu protagonista uma
dimensão humana que Antonioni sequer rascunhou. Destaca o diretor a presença da
mulher num filme com visão claramente feminista com Jeanne Moreau traduzindo
admiravelmente a angústia de Lídia enquanto Mastroianni jamais se despe da nada
comovente comiseração. A música incidental é quase toda jazzística neste premiado,
influente e soturno drama. 7/10
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