Jean-Luc Godard costumava
dizer que não havia mais filmes a se fazer. Então reinventou o modo de filmar
sendo a maior influência em cineastas de todo mundo (especialmente nossos
cinemanovistas). “Pierrot Le Fou” melhor que qualquer outro de seus filmes é
inovador na forma e conteúdo embora Godard superestime seu espectador com uma
narrativa por vezes caótica nem sempre fácil de ser seguida. Ferdinand Griffon
(Jean-Paul Belmondo) é casado e resolve deixar sua confortável vida burguesa em
Paris partindo para uma aventura com a jovem Marianne (Anna Karina). A moça tem
uma vida dupla, dedicada também ao amante e ao tráfico de armas. Pierrot
descobre e se desespera colocando fim à traição. Godard fez de “Pierrot Le Fou”
uma colagem com espaço para o que mais admirava: o filme policial, citações
literárias, quadrinhos, pintura e música. Tudo num filme luminoso passado em
sua maior parte próximo ao Mar Mediterrâneo, filme que em momentos se torna
sublime por seu lirismo. O frenético ritmo das sequências violentas é
interrompido ou por comicidade ou pela sensualidade de Anna Karina sem que haja
qualquer apelo ao sexo. Espécie de “Bonnie & Clyde” com alma. O diretor já
estava separado da atriz (com quem fez sete filmes), mas a prova de amor que é
“Pierrot le Fou” é comovente. O bruto Belmondo está admirável como homem
intelectualizado. A obra-prima não só da Nouvelle Vague, mas do cinema. 10/10
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