quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

LAURA (Laura), 1944


O que faz este filme de Otto Preminger possuir tantos apaixonados admiradores não são suas muitas qualidades de excelente melodrama noir, mas sim o excepcional conjunto de frases da mais fina e cortante ironia. Expressas especialmente por Clifton Webb, Vincent Price e Judith Anderson, são autênticas farpas eivadas do mais puro e penetrante sarcasmo. “Posso ter manchas no meu caráter, mas não nas minhas roupas” responde Shelby Carpenter (Price) num dos melhores exemplos de como caracterizar um personagem, o que o roteiro faz esplendidamente. Shelby é um playboy suspeito de um misterioso crime cuja vítima aparentemente seria Laura (Gene Tierney), por quem o escritor Waldo Lydecker (Webb) é fascinado. E mesmo o detetive McPherson (Dana Andrews) desenvolve uma paixão necrófila por Laura a quem só conhece de um quadro. “Laura” é brilhante não só na bem elaborada trama mas também na ambiguidade de seus personagens principais, na excepcional fotografia de Joseph LaShelle e na admirável trilha musical de David Raksin. Gene Tierney nunca esteve mais linda; Vincent Price curiosamente fora dos tipos que sempre viveu na tela; a ótima Judith Anderson aparece pouco num filme em que Clifton Webb é o maior destaque. Webb compensa a aparência excessivamente madura com a inacreditável soberba de seu psicótico personagem. 9/10 - Cópia gentilmente cedida pelo cinéfilo José Flávio Mantoani.





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