Raros filmes são tão
brilhantemente escritos, dirigidos e interpretados como “A Malvada”, de Joseph
L. Mankiewicz, também autor do roteiro. Para quem sempre imaginou que o teatro
diferisse do cinema quanto às intrigas de bastidores, artistas com egos
absurdamente inflados e jornalistas capazes de criar e destruir carreiras, este
drama é uma surpresa. Margo Channing (Bette Davis) adota como secretaria Eve
Harrington (Anne Baxter) uma fã cuja insistência beira o fanatismo. A arrogante
Margo jamais poderia imaginar que a tímida Eve é uma pessoa de ilimitada
ousadia e maldade disposta a tomar seu lugar, seu namorado e tudo mais que
puder mesmo que para isso faça uso até de chantagem. O peso dos anos e o
declínio artístico são admiravelmente analisados e, houvesse um prêmio Oscar
para melhor atuação de uma atriz em todos os tempos, certamente Bette Davis
seria fortíssima candidata por sua interpretação como Margo Channing. Memorável
ainda a composição de George Sanders como o sofisticado e poderoso crítico e também
Thelma Ritter como a camareira que logo percebe as intenções de Eve. Num filme que
beira a perfeição o final foi concebido sem inspiração e é gritante que Anne
Baxter jamais teria talento para competir com Bette Davis. Margo Channing e
Norma Desmond (Crepúsculo dos Deuses) são personagens que entraram para a
história do cinema. 9/10 - Cópia gentilmente cedida
pelo cinéfilo José Flávio Mantoani.
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