Quando ainda estava na U.S.
Navy durante a II Grande Guerra Richard Brooks escreveu uma história sobre um
homossexual morto por soldados bêbados. A RKO comprou os direitos cinematográficos
mas o Código Hays proibia a palavra ‘homossexual’ nos filmes e então o roteiro
tratou a vítima como judeu. A Guerra havia findado há pouco, o holocausto havia
horrorizado o mundo e o anti-semitismo era, então, um tema atualíssimo. A
direção foi entregue a Edward Dmytryk com Robert Young liderando um elenco que
tinha ainda os promissores Robert Mitchum e Robert Ryan. “Rancor” é um
excelente policial noir que foge aos padrões pela temática que aborda, até
então inédita em Hollywood e também por ser um ‘marine’ o intolerante e sádico
assassino. Fazendo uso de flashbacks a história é contada dispensando o
mistério característico ao gênero pois cedo sabe-se quem é o autor do crime.
Ainda que o ‘judeu’ tenha sido morto pelo anti-semitismo do militar, Dmytryk
deixa claro que a vítima carregava consigo a disfarçada outra marca de
intolerância. Robert Ryan domina todo o filme como o perverso soldado, tipo que
viria a repetir tantas vezes na tela sempre com invulgar brilho. Robert Mitchum
vale pelo primeiro diálogo com Robert Young, Gloria Grahame atraente e ainda o
ótimo Sam Levene como o infeliz judeu. 7/10
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