25 anos após a primeira
versão para o cinema da peça de Lillian Hellman, o mesmo William Wyler entendeu
que poderia ser mais fiel ao texto original do que o fora no filme de 1936. A
censura havia abrandado um pouco, mas palavras como lesbianismo ainda não
podiam ser pronunciadas num filme norte-americano. O impecável texto de Lillian
Hellman conta a história de duas professoras que são vítimas de uma mentira divulgada
por uma aluna de 12 anos dizendo serem as duas mestras amantes. O rumor se
espalha rapidamente e a sociedade local se volta contra elas destruindo suas
vidas. Hellman, dissimuladamente, sempre afirmou que o que pretendia era
mostrar o poder devastador de uma calúnia, mas o tema crucial é o do
relacionamento ‘não natural’ entre as moças, como chamado no filme. Ou ‘reconhecimento
sexual recíproco pecaminoso’ como define a sentença judicial que puniu as
professoras. Wyler realizou um filme tão intenso quanto soturno preservando a
qualidade do texto original de Lillian Hellman, errando, porém, na escolha dos
papéis que deviam ser trocados com Audrey Hepburn como a professora que
confessa sua tendência homossexual. Deu oportunidade, no entanto para uma
excepcional interpretação de Shirley MacLaine. Intragável a menina malévola
interpretada por Karen Balkin. 9/10
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