domingo, 29 de outubro de 2017

ALMAS PERVERSAS (Scarlet Street), 1945


Fritz Lang praticamente refilmou sequência a sequência “A Cadela”, drama de Jean Renoir de 1931, ao recontar a história do homem medíocre com talento oculto de pintor que se envolve com uma prostituta e seu gigolô. No entanto o alemão realizou um filme original para os padrões noir ao reunir o trio que dirigira um ano antes no clássico “Um Retrato de Mulher”. Não há o detetive charmoso, mas sim o patético contador de meia-idade (Edward G. Robinson) enquanto a despudorada mulher fatal (Joan Bennett) se humilha e se compraz a cada tapa que leva do rufião (Dan Duryea). Lang dá ao personagem do contador-pintor uma carga de humanidade rara no gênero mais ainda com o excepcional desempenho de Robinson, na mesma proporção em que cria as almas perversas do apropriado título nacional. Duryea deixa de lado seu estilo característico de psicopata dando lugar ao violento explorador que se vê acusado de um crime que não cometeu. Joan Bennett sedutora como a oportunista que se faz passar por pintora. Os aspectos psicológicos de “Almas Perversas” são realçados pela magnífica fotografia que Milton Krasner consegue com as composições expressionistas de Fritz Lang concebidas todas em estúdio. O final diferente do filme de Renoir não é exatamente inspirado, ainda que melancólico como deveria ser. 9/10




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