Fritz Lang praticamente
refilmou sequência a sequência “A Cadela”, drama de Jean Renoir de 1931, ao recontar
a história do homem medíocre com talento oculto de pintor que se envolve com
uma prostituta e seu gigolô. No entanto o alemão realizou um filme original
para os padrões noir ao reunir o trio que dirigira um ano antes no clássico “Um
Retrato de Mulher”. Não há o detetive charmoso, mas sim o patético contador de
meia-idade (Edward G. Robinson) enquanto a despudorada mulher fatal (Joan
Bennett) se humilha e se compraz a cada tapa que leva do rufião (Dan Duryea). Lang
dá ao personagem do contador-pintor uma carga de humanidade rara no gênero mais
ainda com o excepcional desempenho de Robinson, na mesma proporção em que cria
as almas perversas do apropriado título nacional. Duryea deixa de lado seu
estilo característico de psicopata dando lugar ao violento explorador que se vê
acusado de um crime que não cometeu. Joan Bennett sedutora como a oportunista
que se faz passar por pintora. Os aspectos psicológicos de “Almas Perversas”
são realçados pela magnífica fotografia que Milton Krasner consegue com as
composições expressionistas de Fritz Lang concebidas todas em estúdio. O final
diferente do filme de Renoir não é exatamente inspirado, ainda que melancólico
como deveria ser. 9/10
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