A peça de George Axelrod
ficou quase três anos nos palcos da Broadway. Tal sucesso teria que desaguar em
Hollywood e nas mãos de Billy Wilder. Mas eram tempos do Código Hays e o texto
picante de Axelrod, adaptado pelo autor e por Wilder, foi reduzido a uma
história digna de ‘Sessão da Tarde’. Richard Sherman (Tom Ewell) vê a esposa e
filho saírem em férias e, como milhares de homens em Manhattan, vira um sedento
solteirão. E nem precisa sair à caça pois sua vizinha é uma garota estonteante
(Marilyn Monroe). Ela até dorme em seu apartamento, mas nada acontece porque
desta vez Wilder não pode ou não quis ludibriar a censura, algo que fazia como
ninguém. Se não faz rir ou é provocante como deveria, “O Pecado Mora ao Lado”
ao menos discute como é a imaginação masculina, capaz de conquistar todas as
mulheres do mundo... até voltar à realidade. Mas pouco importa se esta comédia
é ou não engraçada e atrevida. O que importa é que tem Marilyn Monroe definindo
o tipo ingênuo, tentador e irresistível que a imortalizaria, ainda que o
idiotizado vizinho resistisse a ela. E Wilder criou neste filme uma das imagens
mais marcantes do cinema e do século, com a sequência do metrô levantando o
vestido de Marilyn; vê-se muito mais em fotos que no filme, infelizmente. Tom Ewell
é engraçado e Robert Strauss (o zelador) impagável. Marilyn Monroe está
deslumbrantemente sedutora. 6/10
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