Mulheres, de um modo geral,
não apreciam faroestes. Quando perguntadas sobre isso algumas dizem que
assistiram “Butch Cassidy e Sundance Kid” e certamente atraídas não pela
historia dos dois foras-da-lei mas sim pela dupla de atores principais (Paul
Newman e Robert Redford). Mas há um western que certamente prenderá a atenção
do público feminino, isto porque as heroínas do filme são três dúzias de
mulheres que, lideradas por um tenente do Exército da União, defendem uma
missão onde se encontram escondidas dos Comanches. A ação se desenrola durante
a Guerra Civil norte-americana e guarda alguma semelhança com a defesa do Álamo
uma vez que o exército de saias parece destinado a ser exterminado pelos
guerreiros que sitiam a missão. No entanto ocorre uma surpresa, que não é a
clássica chegada da Cavalaria anunciada por um toque de corneta, e a maioria
das mulheres sobrevive. Além da ação constante que causa emoção, este faroeste
têm muitos momentos engraçados e, mulheres mostrando seu valor e, como não
poderia faltar, também romance. O herói da II Guerra Mundial Audie Murphy, ator
que como poucos atuou e manteve fãs no gênero, é o bravo desertor renegado do
título mas os destaques são mesmo seus ‘homens’, isto é o exército de saias. – 8/10
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
O DESTINO BATE À SUA PORTA (The Postman Always Rings Twice), 1981
A história de James M. Cain
já havia sido levada ao cinema por três vezes (na França em 1936, na Itália por
Luchino Visconti em 1943 e no ‘noir’ com Lana Turner em 1946). Mas parece que
Hollywood queria ser o mais fiel possível do livro de Cain, o que então seria
permitido e decidiu refilmá-lo em 1981 em uma mais esmerada produção fadada ao
sucesso. Porém nem Jack Nicholson (o astro do momento) ao lado de Jessica Lange
(a mais promissora estrela daqueles anos), nem a fotografia do sueco Sven
Nikvist ou o roteiro de David Mamet e as sequências de sexo explícito tão
ardentes quanto violentas foram suficientes para que este filme de Bob Rafelson
chegasse perto do fascinante clássico de 1946. Se há algo que torna esta versão
memorável são as excelentes atuações de Nicholson e de Jessica Lange,
especialmente nas referidas sequências de inacreditável eroticidade. No entanto
quando a trama, passada em plena depressão nos anos 30, deixa de ser sobre a lasciva
e avassaladora paixão entre a esposa insatisfeita, o sedutor aventureiro e o velho
marido alcoólatra resultando em assassinato, se torna mera história policial-tribunal
repleta de reviravoltas, o filme desanda. Não sem antes conter a mais bizarra e
desnecessária ‘participação especial’ do cinema com a presença de Anjelica
Huston. John Colicos é o marido grego vítima dos amantes Nicholson e Lange. – 6/10
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
VIDAS AMARGAS (East of Eden), 1955
John Steinbeck escreveu um
caudaloso romance sobre uma família da Califórnia que remete aos personagens
bíblicos Caim e Abel. Levado para o cinema por Elia Kazan o roteiro aborda
apenas um terço do livro de Steinbeck e com isso os conflitos entre o pai Adam (Raymond
Massey) e o filho Cal (James Dean) e entre Cal e seu irmão Aron (Richard Davalos)
prescindem de melhor estrutura. A figura da mãe Kate (Jo Van Fleet) é ainda mais
nebulosa enquanto Kazan foi mais feliz ao mostrar como Abra (Julie Harris) troca
Aron, o namorado certinho, pelo atormentado Cal. A angústia de Cal, bem como
sua inveja do irmão mais amado pelo pai, tudo prescinde de razão que os
trejeitos que Dean impõe ao personagem são insuficientes e em nada colaboram
com a essência da história. Porém este filme é cultuado e considerado para
muitos como a melhor interpretação de James Dean, ele que passa o filme todo
exercitando os maneirismos que em Marlon Brando soavam mais autênticos e que Dean
torna caricatos. Fazendo caretas, encostando-se às paredes, revirando os olhos
e correndo quando deveria andar, James Dean provoca comoção em seus admiradores
do mesmo modo que irrita quem vê isso como excessos interpretativos ensinados
no Actors Studio. “Vidas Amargas”, que tem a ótima Jo Van Fleet, é um drama que
Kazan tornou intenso e sombrio mas que termina com uma sequência piegas no
leito de morte de Adam. 6/10
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
OS DOZE CONDENADOS (The Dirty Dozen), 1967
Este é um daqueles filmes
que, ao final, comportam a expressão: “Que filmaço!” Divertimento garantido com
150 minutos de duração que não pretende ser nenhum libelo contra a insanidade
das guerras mas que demonstra como homens são mandados para a morte em missões
pensadas pelos estrategistas de gabinete. A missão no caso é incendiar e matar
dezenas de oficiais alemães que se divertem num castelo na França ainda ocupada.
Doze homens são escolhidos para isso, a metade deles condenados à morte e os
demais a penas de 20 a 30 anos por tribunais militares. O que poderia ser uma
missão impossível torna-se exequível porque estarão sob o comando do Major Reisman
(Lee Marvin), truculento mas justo e corajoso oficial que exige a comutação das
penas do grupo todo. Algumas das sequências da preparação dos ‘doze encardidos’
são memoráveis e hilariantes e o clímax com a invasão do chateau é emocionante.
Lee Marvin na atuação de sua vida, soldado condecorado que foi na II GG, está
magnífico, irreverente com seus superiores e dirigindo blindado de muitas rodas.
O elenco fantástico tem um Charles Bronson excelente, Ernest Borgnine e George
Kennedy fazendo rir, Robert Ryan, Telly Savalas, Donald Sutherland, John Cassavetes
e muitos outros nomes, todos otimamente aproveitados pela direção inspirada de
Robert Aldrich em merecido enorme sucesso de bilheteria. Darci Fonseca – 9/10
terça-feira, 5 de novembro de 2019
CHOFER DE PRAÇA, 1959
Primeira produção da PAM,
produtora de Amácio Mazzaropi, desta vez contando as aventuras do caipira
Zacarias (Mazzaropi) dirigindo um carro de praça pelas ruas de São Paulo. Zacarias
(a quem chamam ‘por caria’) sai de sua cidadezinha com a esposa Augusta (Geny
Prado) para ficar mais perto do filho Raul (Celso Faria) e ajudá-lo a concluir
o curso de Medicina. Mas Raul é um filho ingrato e se envergonha da pouca
instrução, modos rudes e pobreza do pai, a quem explora tanto quanto a vontade
de ignorá-lo. A direção de Milton Amaral conduz bem o roteiro escrito por
Mazzaropi nesta comédia com tons dramáticos em que os melhores momentos, como
não poderia deixar de ser, são as confusões que Zacarias se envolve no trânsito
ainda tranquilo de São Paulo e com a vizinhança da vila onde mora. Mazzaropi
sabia como poucos retratar as pessoas humildes e o local onde Zacarias foi
morar é palco de saborosos momentos com o gentio que fica mais à janela de suas
casas vigiando as vidas alheias que fazendo suas obrigações. Este é um dos
melhores filmes de Mazzaropi e, embora os créditos digam ter sido filmado nos
estúdios da Vera Cruz, tem como cenário a São Paulo daquele fim de década e que
em seguida passaria por brutais transformações físicas e sociais. Mazzaropi
brilha como dono do filme que é. Números musicais com Agnaldo Rayol, Lana
Bitencourt e Mazzaropi ao lado do compositor Elpídio dos Santos. 8/10
domingo, 27 de outubro de 2019
O INCIDENTE (The Incident), 1967
Esta modesta produção
dirigida por Larry Peerce é uma apavorante viagem filmada quase inteiramente
dentro de um vagão do metrô de Nova York. Já de madrugada 14 passageiros são
aterrorizados por dois marginais (Tony Musante e Martin Sheen) que se divertem
ameaçando-os e agredindo-os, impedindo a saída do vagão. Ninguém escapa da sanha
dos criminosos e o líder (Musante) usa de pervertida psicologia para, um a um, desmoralizar
a todos. Entre as vítimas estão um homossexual,um viciado, casais negros,
brancos e idosos e até dois jovens soldados do Exército. A selvageria da dupla instala
o pavor e faz com que os passageiros revelem seus problemas pessoais e
verdadeiras personalidades. O diretor Peerce dirige com habilidade fazendo
crescer minuto a minuto o desespero não só dos passageiros mas também do
espectador numa tensão que explode com um final angustiante e catárquico. O
elenco composto por jovens atores praticamente desconhecidos como Beau Bridges
e Musante, além de Martin Sheen e Donna Mills em seus primeiros filmes. São
coadjuvados por veteranos com participações marcantes, especialmente as de Jan Sterling,
Gary Merrill e do negro Brock Peters. Drama
violento que pode não agradar a todos mas que é quase perfeito. O ‘quase’ fica
por conta da facilidade com que os dois delinquentes são abatidos ao final. 9/10 - Cópia gentilmente cedida pelo cinéfilo e
colecionador Sebá Santos.
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
A NOIVA ESTAVA DE PRETO (La Mariée Était em Noir), 1968
François Truffaut era tão
apaixonado pelo cinema de Alfred Hitchcock que, depois de consagrado, decidiu
fazer filmes para homenagear o Mestre do Suspense. Este é seu filme mais
hitchcockiano mas está longe de ser uma homenagem lisonjeira. No dia de seu
casamento Julie Kohler (Jeanne Moreau) vê seu marido ser morto por um tiro disparado
acidentalmente em uma brincadeira entre cinco homens. Eles desaparecem sem
deixar vestígios, mas Julie descobre quem eles são e onde estão,
assassinando-os cada um de modo diferente. Essa vingança fria e racional é o
problema maior do filme que não explica como a viúva chega aos cinco homens. À
parte o roteiro incoerente, pouca coisa funciona a contento e o filme de
suspense simplesmente não tem suspense. O final que pretende ser surpreendente
é totalmente previsível. Truffaut só consegue agradar quando cria um personagem
(um alter-ego seu) que se apaixona por sua modelo (a própria Jeanne). La Moreau,
uma atriz minimalista em suas expressões quase sempre ressentidas e pessimistas,
carrega o filme com seu charme irresistível, especialmente quando três de suas
vítimas descobrem seus encantos. O elenco de coadjuvantes tem nomes conhecidos que
atuam sem maior brilho. Bernard
Herrmann, compositor das trilhas de Hitchcock, cuidou da música e Raoul Coutard
da cinematografia. 5/10
terça-feira, 15 de outubro de 2019
EM FAMÍLIA, 1971
Este tocante drama sobre a
velhice e, por extensão, sobre o egoísmo dos filhos diante de seus pais recebeu
muitos prêmios e depois, imerecidamente, o esquecimento. Um casal de idosos
(Rodolfo Arena-Iracema de Alencar) não pode mais pagar o aluguel da casa onde
moram e, sem ter para onde ir, se alojam em diferentes casas dos filhos, uma em
cada cidade. São tantos os problemas que vão surgindo que a mãe acaba indo para
um asilo enquanto o pai é mandado para Brasília, separados depois de toda uma
vida juntos e sem que seus quatro filhos façam maior esforço para os ajudar. Baseado
em romance e peça teatral dos anos 30, a adaptação para nossa realidade foi
feita por Oduvaldo Viana Filho em parceria com Paulo Porto, este também
diretor. Ferreira Gullar colaborou no roteiro deste perfeito retrato de
situações que são comuns em muitas famílias e no qual a música de Egberto
Gismonti realça o clima de melancolia que permeia o filme um tanto teatral. Porém
as externas de “Em Família” formam um rico documento mostrando aspectos de uma
São Paulo que não existe mais, especialmente o bairro do Canindé e suas ainda
irreconhecíveis Marginais. Elenco homogêneo com comoventes interpretações de
Fernanda Montenegro, Rodolfo Arena e Iracema de Alencar, coadjuvados pelas
ótimas Anecy Rocha e Odete Lara. Último filme de Procópio Ferreira, divertido
em cada fala e olhar nos únicos momentos engraçados da história. 8/10
terça-feira, 10 de setembro de 2019
A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM (The Graduate), 1967
Dustin Hoffman significou a
redenção dos homens feios com este filme pois todos, mesmo os baixinhos, feios
e narigudos (e os bonitões também), tiveram fantasias com alguém como Mrs.
Robinson. Hoffman é Benjamin Braddock, que volta para casa dos pais após a
graduação e é seduzido pela insatisfeita esposa do sócio do pai (Anne Bancroft).
Quem interrompe o caso entre os amantes é Elaine (Katharine Ross), a filha da
senhora Robinson, por quem Benjamin se apaixona. Mrs. Robinson não se conforma
e destila sua maldade vingando-se de Benjamin. Mas o final é feliz, o que
ajudou o filme a conquistar o público que adorou ver o jovem inseguro perguntar:
“Mrs. Robinson, a senhora está tentando
me seduzir?” ao som de canções de Paul Simon cantadas por ele e pelo
parceiro Art Garfunkel. “The Graduate” é daqueles filmes em que parece que tudo
deu certo e fez de Hoffman um astro do dia para a noite. Mas o fascínio desta
comédia dramática é a presença magnética de Anne Bancroft, tanto que o filme
decai quando ela passa para um segundo plano na história. O final feito para emocionar
até às lágrimas é incondizente com um filme com abordagem tão ousada. Hoffman
perfeito como o tímido jovem que não sabe o que quer da vida até conhecer a
maravilhosa Mrs. Robinson, uma das personagens eternas do cinema. Novidade a
trilha com canções populares que se encaixam esplendidamente à trama. 8/10
sábado, 7 de setembro de 2019
SOBERBA (The Magnificent Ambersons), 1942
Alguns filmes são mais interessantes
pelos fatos e lendas que envolvem sua produção que a película propriamente
dita. É o caso de “Soberba”, que Orson Welles filmou imediatamente após o impacto
causado por “Cidadão Kane”. O estúdio ficou insatisfeito com o resultado e
aproveitando-se que Welles estava no Brasil dirigindo “Tudo é Verdade”, cortou
43 minutos da metragem original, além de refilmar sequências inteiras. Não
contente, a RKO destruiu todo o material não aproveitado e pouquíssimas pessoas
chegaram a ver “Soberba” como concebido por Welles. Ele próprio jamais assistiu
a seu filme e nem ao que a RKO exibiu em programa duplo com 88 minutos de
duração. Baseando-se no livro de Booth Tarkington (Prêmio Pulitzer), Welles
contou a história de uma família aristocrática de Indianápolis que vai da
riqueza à pobreza graças ao comportamento arrogante do herdeiro (Tim Holt). Com
iluminação, tomadas de câmera e cenários que lembram seu primeiro filme, “Soberba”
impressiona tecnicamente mas é mal desenvolvido no drama dos Ambersons e nas
relações amorosas da história. A escolha de Tim Holt foi um terrível equívoco com
o ator tendo desempenho sofrível. Agnes Moorehead tem os melhores momentos em
cena com Joseph Cotten e Anne Baxter também no elenco. 7/10
terça-feira, 27 de agosto de 2019
NUNCA TE VI, SEMPRE TE AMEI (84 Charing Cross Road), 1987
A escritora Helene Hanff,
de Nova York, escreveu um livro baseado em suas memórias contando como se tornou
cliente de uma livraria londrina especializada em livros raros. Helene (interpretada
por Anne Bancroft) faz amizade com o funcionário da livraria Frank Doel (Anthony
Hopkins) que, ao longo de 20 anos, lhe remete muitas obras literárias. A relação
de amizade entre os dois se estreita e, mesmo sem jamais se verem ou se falarem
por telefone, passam a se admirar cada vez mais. A comunicação é feita por
cartas. Frank é casado e Helene solteira. Ela não tem recursos suficientes para
viajar a Londres e quando o consegue Frank já faleceu. Esta história de amor
diferente é bastante valorizada pelas interpretações dos dois protagonistas que
externam esplendidamente todo o sentimento que aos poucos os invade até perceberem
que são bem mais que meros amigos. A lamentar o diminuto aproveitamento da
ótima Judi Dench como a esposa de Frank, ela que silenciosamente observa o
comportamento do marido. Este filme estático que celebra a amizade
independentemente da distância, antes foi peça teatral. Ele faz refletir
nostalgicamente nestes tempos em que livrarias desaparecem e com elas o amor
pelos livros; tempos também em que igualmente desapareceu o prazer de escrever
cartas. 7/10 - Cópia gentilmente cedida pelo cinéfilo e
colecionador Sebá Santos.
domingo, 25 de agosto de 2019
AS DUAS FACES DA FELICIDADE (Le Bonheur), 1965
Este cultuado filme da
cineasta francesa Agnès Varda é um paradoxo: quis ela fazer um filme que
rescendesse a total simplicidade e, no entanto, o resultado é de uma mal
disfarçada afetação. O uso (exagerado) de bosques primaveris ao som da música
de Mozart onde uma família desfruta de momentos de lazer intenta mostrar a
singeleza da felicidade. É lá que o carpinteiro François (Jean-Claude Drouot)
ama sua esposa, a costureira Thérèse (Claire Drouot). Moram em Fontenay e, em
viagens a trabalho a Vincennes, François se envolve com Émilie (Marie-France
Boyer) com quem divide seu amor. Ou melhor acumula amor, como ele pretende ao
contar à esposa a infidelidade. Thérèse comete suicídio e François e Émilie juntam-se,
os filhos pequenos mal percebem a troca de mães e vão todos passear... nos
floridos bosques ao som de Mozart. Tudo é simples e rápido demais, a ponto de
Varda não aprofundar a súbita paixão e, pior ainda, surpreender com o gesto
trágico da esposa traída deixando no mundo duas crianças pequenas. Mas não há
tempo para tristeza já que a felicidade logo retoma seu lugar. O
desenvolvimento linear de “Le Bonheur” parece incomodar a cineasta que sem
cerimônia insere cortes e edição rápidas que contrastam com a presumida leveza
do filme. A curiosidade é que Jean-Claude Drouot, Claire e as crianças eram uma
família na vida real. 6/10 - Cópia gentilmente cedida pelo cinéfilo e colecionador Sebá Santos.
domingo, 18 de agosto de 2019
ROY BEAN – O HOMEM DA LEI (The Life and Times of Judge Roy Bean), 1972
Em tempos de revisionismo
do western, John Huston filmou o roteiro de John Millius sobre a vida do Juiz
Roy Bean, passando tão longe da verdade dos fatos que chega a lembrar os filmes
biográficos dos anos 30, 40 e 50. Paul Newman é Roy Bean, o homem que impunha a
lei a Oeste do Rio Pecos e que gostava de sempre ver no patíbulo montado à
frente de seu saloon-tribunal um corpo balançando após seu sumário e implacável
julgamento. Na vida real Roy Bean só condenou dois bandidos a morrer na forca,
sendo que um deles conseguiu escapar. Além de se comprazer condenando bandidos,
Roy Bean nutria ardente paixão pela atriz Lillie Langtry (Ava Gardner), mas
casa-se com a mexicana Maria Helena (Victoria Principal) com quem tem a filha
Rose (Jacqueline Bisset). Ava e Jacqueline aparecem pouco na tela neste
faroeste que é episódico e que tem inúmeras pequenas participações, entre elas
as de Anthony Perkins, Tab Hunter, o próprio John Huston e Stacy Keach como o
mais bizarro pistoleiro (albino) do Velho Oeste. Western que mescla bons
momentos com outros terríveis como a grosseira imitação do interlúdio amoroso
de “Butch Cassidy”, aqui ao som de uma medíocre canção e ainda com a presença
de um... urso. Paul Newman brilha durante todo este filme que não merece estar
figurar entre os melhores trabalhos do grande John Huston. 7/10
terça-feira, 13 de agosto de 2019
CARTA DE UMA DESCONHECIDA (A Letter from a Unknown Woman), 1948
Stefan Zweig foi
contemporâneo e amigo de Sigmund Freud e, na Viena do início do século XX,
Zweig escreveu diversos livros baseados na Psicanálise. “Carta de uma
Desconhecida” foi um deles, roteirizado por Howard Koch e filmado por Max
Ophüls, narrando a obsessão de Lisa (Joan Fontaine) que, na adolescência em
Viena, se apaixona pelo pianista Stefan Brand (Louis Jourdan). Já adulta mas
sempre apaixonada por Brand, Lisa vem a ter um breve caso amoroso com o músico
que parte para a Itália e a esquece. Lisa engravida, tem um filho e mesmo assim
se casa com um homem mais velho. Brand retorna, volta a se encontrar com Lisa
mas não se recorda de tê-la amado. O amor de Lisa pelo pianista, agora
decadente, resiste, o que leva a uma tragédia. Este melodrama contado em
flashbacks a partir da leitura de uma carta deixada por Lisa é um estudo não só
da neurose que é a fixação de uma pessoa por alguém, mas também do masoquismo.
Lisa se apraz com o sofrimento justificado pelo amor, sentimento que a leva à
desventura. Este filme de Ophüls é aprimorado artisticamente (estilo do
diretor) mas inconvincente no ‘esquecimento’ do pianista. Joan Fontaine está ótima
como a sofrida protagonista e Louis Jourdan, com sua elegância e simpatia, é o
músico que estranhamente não se recorda de um caso amoroso. 7/10
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