François Truffaut era tão
apaixonado pelo cinema de Alfred Hitchcock que, depois de consagrado, decidiu
fazer filmes para homenagear o Mestre do Suspense. Este é seu filme mais
hitchcockiano mas está longe de ser uma homenagem lisonjeira. No dia de seu
casamento Julie Kohler (Jeanne Moreau) vê seu marido ser morto por um tiro disparado
acidentalmente em uma brincadeira entre cinco homens. Eles desaparecem sem
deixar vestígios, mas Julie descobre quem eles são e onde estão,
assassinando-os cada um de modo diferente. Essa vingança fria e racional é o
problema maior do filme que não explica como a viúva chega aos cinco homens. À
parte o roteiro incoerente, pouca coisa funciona a contento e o filme de
suspense simplesmente não tem suspense. O final que pretende ser surpreendente
é totalmente previsível. Truffaut só consegue agradar quando cria um personagem
(um alter-ego seu) que se apaixona por sua modelo (a própria Jeanne). La Moreau,
uma atriz minimalista em suas expressões quase sempre ressentidas e pessimistas,
carrega o filme com seu charme irresistível, especialmente quando três de suas
vítimas descobrem seus encantos. O elenco de coadjuvantes tem nomes conhecidos que
atuam sem maior brilho. Bernard
Herrmann, compositor das trilhas de Hitchcock, cuidou da música e Raoul Coutard
da cinematografia. 5/10
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