John Steinbeck escreveu um
caudaloso romance sobre uma família da Califórnia que remete aos personagens
bíblicos Caim e Abel. Levado para o cinema por Elia Kazan o roteiro aborda
apenas um terço do livro de Steinbeck e com isso os conflitos entre o pai Adam (Raymond
Massey) e o filho Cal (James Dean) e entre Cal e seu irmão Aron (Richard Davalos)
prescindem de melhor estrutura. A figura da mãe Kate (Jo Van Fleet) é ainda mais
nebulosa enquanto Kazan foi mais feliz ao mostrar como Abra (Julie Harris) troca
Aron, o namorado certinho, pelo atormentado Cal. A angústia de Cal, bem como
sua inveja do irmão mais amado pelo pai, tudo prescinde de razão que os
trejeitos que Dean impõe ao personagem são insuficientes e em nada colaboram
com a essência da história. Porém este filme é cultuado e considerado para
muitos como a melhor interpretação de James Dean, ele que passa o filme todo
exercitando os maneirismos que em Marlon Brando soavam mais autênticos e que Dean
torna caricatos. Fazendo caretas, encostando-se às paredes, revirando os olhos
e correndo quando deveria andar, James Dean provoca comoção em seus admiradores
do mesmo modo que irrita quem vê isso como excessos interpretativos ensinados
no Actors Studio. “Vidas Amargas”, que tem a ótima Jo Van Fleet, é um drama que
Kazan tornou intenso e sombrio mas que termina com uma sequência piegas no
leito de morte de Adam. 6/10
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