quinta-feira, 28 de novembro de 2019

VIDAS AMARGAS (East of Eden), 1955


John Steinbeck escreveu um caudaloso romance sobre uma família da Califórnia que remete aos personagens bíblicos Caim e Abel. Levado para o cinema por Elia Kazan o roteiro aborda apenas um terço do livro de Steinbeck e com isso os conflitos entre o pai Adam (Raymond Massey) e o filho Cal (James Dean) e entre Cal e seu irmão Aron (Richard Davalos) prescindem de melhor estrutura. A figura da mãe Kate (Jo Van Fleet) é ainda mais nebulosa enquanto Kazan foi mais feliz ao mostrar como Abra (Julie Harris) troca Aron, o namorado certinho, pelo atormentado Cal. A angústia de Cal, bem como sua inveja do irmão mais amado pelo pai, tudo prescinde de razão que os trejeitos que Dean impõe ao personagem são insuficientes e em nada colaboram com a essência da história. Porém este filme é cultuado e considerado para muitos como a melhor interpretação de James Dean, ele que passa o filme todo exercitando os maneirismos que em Marlon Brando soavam mais autênticos e que Dean torna caricatos. Fazendo caretas, encostando-se às paredes, revirando os olhos e correndo quando deveria andar, James Dean provoca comoção em seus admiradores do mesmo modo que irrita quem vê isso como excessos interpretativos ensinados no Actors Studio. “Vidas Amargas”, que tem a ótima Jo Van Fleet, é um drama que Kazan tornou intenso e sombrio mas que termina com uma sequência piegas no leito de morte de Adam. 6/10




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