Nada indicava que aquele
diretor chamado Jules Dassin, perseguido pelo macarthismo e que se exilara na
Europa, faria uma das mais encantadoras comédias do cinema. Da filmografia de
Dassin constava dramas e policiais sombrios mas seu sonho era dirigir a
história que escrevera sobre uma cativante prostituta, algo que naqueles
tempos era fora de cogitação. Casado com a atriz grega Melina Mercouri, ela era
a meretriz perfeita que saciava a fome de amor de quase todos os homens do porto
de Pireus, a qualquer hora de qualquer dia da semana, menos nos domingos. Esse
dia Ilya reservava para assistir às tragédias gregas que para ela tinham sempre
um final feliz, fosse “Édipo-Rei” ou “Medéia”. E a felicidade de Ilya era
completada pelo prazer que proporcionava a sua numerosa clientela, até que um
norte-americano que está em busca da ‘verdade da vida’ consegue entristecer a
radiante Ilya. O tema de “Nunca aos Domingos” discute se a Filosofia, a
moralidade e as artes em geral podem por si só tornar alguém feliz, concluindo que não. A
música de Manos Hadjidakis é magnífica e a música-tema foi a primeira canção
estrangeira a ser premiada com o Oscar. Dassin está maçante como o antipático
turista que se mete na vida de Ilya, mas Tito Vandis (Jorgo) só brilha menos
que a adorável, sedutora e maravilhosa Melina. 9/10
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