Um filme norte-americano é selecionado para preservação na Biblioteca do
Congresso se ele tiver significação cultural, histórica ou estética. Pois “Curva
do Destino”, uma produção baratíssima da pequena Producers Releasing
Corporation (PRC), produtora mais lembrada por suas séries de westerns-B,
obteve essa honraria que só grandes clássicos conseguem. Dirigido pelo austro-húngaro
Edgar G. Ulmer, “Curva do Destino” é um dos mais perfeitos exemplos de autêntico
filme noir com seus 68 minutos de duração permeados pelo fatalismo comum ao
gênero. Narrado em primeira pessoa pelo irritadiço e pessimista anti-herói (Tom
Neal), “Detour” traz a impressionante caracterização da mulher fatal, cruel e opressiva
(Ann Savage). O personagem de Neal faz uma série de opções erradas, ilógicas
mesmo e típicas de quem vive um pesadelo, o que o leva ao desvio do título original.
Numa das melhores frases do excepcional roteiro de Martin Goldsmith, Neal diz
que para onde quer que vá o destino lhe aplicará uma rasteira. Estilo visual e
narrativa magníficos com destaque para as interpretações de Neal e Ann Savage,
esta perto de quem Phyllis Dietrichson (Barbara Stawyck) é até suave. 8/10
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