Revisto 30 anos após seu
lançamento este filme de Federico Fellini não causou o mesmo impacto pois o
mundo havia mudado bastante em três décadas. Em 1960 o Vaticano tentara proibir
sua exibição, declarando-o, através de seus jornais, um filme blasfemo, um verdadeiro
sacrilégio, tendo sido banido em alguns países católicos. Assistido quase 60
anos depois esta realização de Fellini mostra-se atemporal e universal em
muitos aspectos que não aqueles que chocaram ao mostrar o hedonismo, a
devassidão e a frivolidade retratada na Roma dos anos 60. Sem nenhuma pretensão
de inovação cinematográfica, “La Dolce Vita” criou uma nova forma de fazer
cinema, com um tipo de narrativa onde aparentemente nada acontece mas que magicamente
envolve o espectador. É a atmosfera felliniana que seduz e conduz aos
simbolismos que seu filme contém, à crítica social e à futilidade de
comportamento. Não há uma trama estabelecida e o único personagem central é o
do jornalista Marcello, através de quem a sardônica prosa de Fellini dividida
em sete episódios transcorre por quase três horas sem jamais cansar o
espectador. Marcello Mastroianni revelou-se com este filme um dos grandes
sedutores do cinema e ao mesmo tempo um admirável ator. Ao lado de “Amarcord”
as obras-primas de Fellini. 10/10
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