Projetos cinematográficos
costumam ser elaboradíssimos e mesmo assim nem sempre dão certo. Já produções
em que predomina o improviso tornam-se algumas vezes grandes filmes, como é o
caso de “Cantando na Chuva”. Único musical a frequentar as listas dos melhores
filmes de todos os tempos, apenas duas das principais canções são originais e
mesmo a famosa “Singin’ in the Rain” já havia sido utilizada em muitos outras películas
antes. Como o filme ficou curto a MGM decidiu inserir o segmento “Broadway
Melody” (com Cyd Charisse) que nada tem a ver com a hilária trama quebrando o
ritmo agradavelmente alucinante de “Cantando na Chuva”. O argumento remete aos
difíceis dias da transição do cinema silencioso para o sonoro e não fosse um
musical resultaria de qualquer forma numa deliciosa comédia. Mas há números
musicais antológicos com Gene Kelly maravilhoso, Donald O’Connor acrobático e
Debbie Reynolds acompanhando-os como pode. As aulas de dicção são irresistíveis
e irresistível é Lina Lamont (Jean Hagen) como a estrela da voz estridente e
curiosamente é Jean quem dubla Debbie Reynolds, que no filme dubla Lina Lamont.
A MGM parece não ter notado então o talento de Rita Moreno, desperdiçada numa
ponta, ela que brilharia anos depois no melhor de todos os musicais. Para ver e
rever sempre, especialmente se houver alguma tristeza no ar. 9/10
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