Saudado como renovador da
linguagem cinematográfica em sua estreia como diretor com “Acossado”, o ex-crítico
Jean-Luc Godard decidiu em seu terceiro longa metragem demonstrar que não havia
limites para sua criatividade. “Viver a Vida”, drama sobre a jovem Nana (Anna
Karina) que se torna prostituta em Paris, foi a história que Godard dividiu em
doze quadros e a única explicação para essa ‘novidade’ talvez seja mostrar ao
mundo que as narrativas convencionais não funcionavam. Sob uma falsa
simplicidade o ego de Godard dá asas a sua arrogância e pretensa genialidade
testando até onde é capaz de irritar o espectador. Um diálogo de quase cinco
minutos em que se vê somente as nucas dos personagens, o monocórdico tema
bruscamente truncado de Michel Legrand, os cortes que destróem o ritmo do filme,
cansativas literatices e filosofices formam a nova estética ditada pelo
inventivo francês. Entre as muitas citações há “Joana D’Arc” de Dreyer na tela
em justaposição à mártir moderna que é Nana e, pasmem, um cartaz de “Spartacus”
em meio ao trottoir de uma rua parisiense. Kubrick rebaixado pelo gênio Godard.
Os belíssimos olhos de Anna Karina são motivo único de satisfação neste filme com
que o autor quer homenagear os clássicos ‘B’ e cuja cena final, a morte de
Nana, é de um amadorismo chocante. 3/10
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