Futebol e cinema nasceram
quase na mesma época e a sétima arte, dezenas de vezes no Brasil e no Exterior,
tentou mostrar as coisas do futebol. Nunca conseguiu fazê-lo de forma
inteiramente satisfatória, até que Ugo Georgetti, o mais paulistano de todos os
cineastas resolveu falar desse esporte que tanto admira como lemos nas suas
crônicas dominicais no Estadão. Até despretensiosamente Georgetti conta em “Boleiros”
seis histórias, narradas por amigos que, como tantos outros, se reúnem numa
mesa de bar para lembrar fatos ocorridos com eles próprios ou com personagens ‘de
ficção’. Os episódios são lembrados com humor, poesia e emoção pelos boleiros,
todos de algum modo ligados ao futebol. O caso do juiz ‘Virgílio Pênalti’
(Otávio Augusto) é hilário, antológico mesmo dentro da comédia nacional; ‘Paulinho
Majestade’ não querendo perder a majestade adquirida nos gramados; os fiéis torcedores
pressionando o jogador contundido; ‘Azul’, que não é outro senão o infeliz Dener;
o pivete bom de bola melhor que os filhinhos da mamãe da escolinha de futebol; e
o craque conquistador que dá um drible no técnico enfezado. Um episódio mais
saboroso que o outro mostrando como é o chamado ‘esporte bretão’ (há até uma
divertida mesa-redonda na TV), reunião que é finalizada com ‘Naldinho’/Luizinho
arrancando lágrimas num inesquecível momento de Flávio Migliaccio. Brilham
acima de todos no grande elenco Adriano Stuart, Lima Duarte e Otávio Augusto.
Obra-prima do nosso cinema. 10/10
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