Após o êxito de “Pacto de
Sangue”, ocorreu o anúncio da filmagem de outra história de James M. Cain,
desta vez “Mildred Pierce”. Hollywood entrou em sobressalto com quase todas
atrizes famosas querendo interpretar esse personagem que acabou nas mãos de
Joan Crawford. A determinada Mildred Pierce tem altos e baixos na vida,
trabalhando algum tempo como garçonete e Joan Crawford era conhecida pela
elegância que costumava desfilar nas telas. Só mesmo o autoritário Michael
Curtiz para, após muitas batalhas, desglamurizar a atriz, o que resultou na
melhor atuação de sua carreira e que lhe rendeu um Oscar pela brilhante atuação.
Mildred Pierce separa-se do primeiro marido (Bruce Bennett) e, ao ser bem
sucedida na vida, passa a ser explorada por Monte Beragon (Zachary Scott), seu segundo
esposo. Monte seduz Veda, a filha de Mildred (Ann Blyth aos 17 anos) e acaba
assassinado num caso intrincado, restando descobrir quem o teria matado. Excelente
melodrama noir com tema que leva a extremos a sordidez humana, tudo realçado pela
magnífica fotografia de Ernest Haller. Jack Carson é o amigo cínico e
conquistador que ‘tenta duas vezes por semana’ dormir com Mildred e se vê
envolvido no assassinato. Além de Joan Crawford, Ann Blyth (aos 17anos) e Eve
Arden concorreram ao Oscar, estas de Melhor Atriz Coadjuvante. 9/10
sexta-feira, 29 de maio de 2020
quarta-feira, 20 de maio de 2020
A VERDADE (La Vérité), 1960
Dramas desenrolados em
tribunais interessam, em geral, mais a estudantes de Direito que às plateias.
Talvez essa tenha sido a razão deste, que foi o penúltimo filme de Henri-Georges
Clozout, não ter obtido o devido reconhecimento, seja de público e de crítica.
Estrelado por Brigitte Bardot como Dominique Marceau, jovem que sai de uma
cidade pequena com a irmã (Marie-José Nat) para viver em Paris e ambas acabam
formando um triângulo amoroso com Gilbert Tellier, também jovem e que está se
formando maestro. Desesperada porque Gilbert decide ficar com a irmã, Dominique
o mata a tiros e o tribunal parisiense se reúne para julgar a assassina. O
advogado de defesa (Charles Vanel) tenta atenuar a pena de Dominique, enquanto
o causídico que representa a mãe de Gilbert (Paul Meurisse) quer a pena de
morte para a moça. Seria apenas mais um filme sobre horas de um julgamento,
caso Clouzot, com maestria, não contasse em flash-backs versões conflitantes da
história deixando a todos no tribunal (e os espectadores também) ansiosos por
conhecer o final. A melhor atuação séria de BB no cinema, ao mesmo tempo em que
está provocante, em especial na antológica sequência ao som de ‘Yo Tengo una Muñeca’.
Admiráveis interpretações de Vanel, Meurisse e ainda Louis Seigner como o juiz.
Brilham Jean-Loup Reynold e André Oumansky demonstrando que pequenos papeis
podem se tornam relevantes. 9/10 (Darci Fonseca para o blog Ídolos da Tela)
sexta-feira, 8 de maio de 2020
BOLEIROS, ERA UMA VEZ O FUTEBOL, 1998
Futebol e cinema nasceram
quase na mesma época e a sétima arte, dezenas de vezes no Brasil e no Exterior,
tentou mostrar as coisas do futebol. Nunca conseguiu fazê-lo de forma
inteiramente satisfatória, até que Ugo Georgetti, o mais paulistano de todos os
cineastas resolveu falar desse esporte que tanto admira como lemos nas suas
crônicas dominicais no Estadão. Até despretensiosamente Georgetti conta em “Boleiros”
seis histórias, narradas por amigos que, como tantos outros, se reúnem numa
mesa de bar para lembrar fatos ocorridos com eles próprios ou com personagens ‘de
ficção’. Os episódios são lembrados com humor, poesia e emoção pelos boleiros,
todos de algum modo ligados ao futebol. O caso do juiz ‘Virgílio Pênalti’
(Otávio Augusto) é hilário, antológico mesmo dentro da comédia nacional; ‘Paulinho
Majestade’ não querendo perder a majestade adquirida nos gramados; os fiéis torcedores
pressionando o jogador contundido; ‘Azul’, que não é outro senão o infeliz Dener;
o pivete bom de bola melhor que os filhinhos da mamãe da escolinha de futebol; e
o craque conquistador que dá um drible no técnico enfezado. Um episódio mais
saboroso que o outro mostrando como é o chamado ‘esporte bretão’ (há até uma
divertida mesa-redonda na TV), reunião que é finalizada com ‘Naldinho’/Luizinho
arrancando lágrimas num inesquecível momento de Flávio Migliaccio. Brilham
acima de todos no grande elenco Adriano Stuart, Lima Duarte e Otávio Augusto.
Obra-prima do nosso cinema. 10/10
segunda-feira, 4 de maio de 2020
UM RETRATO DE MULHER (The Woman in the Window), 1944
Em sua fase norte-americana
o alemão Fritz Lang realizou excelentes filmes, especialmente os noir como este
“Um Retrato de Mulher”. Com roteiro de Nunnally Johnson, Lang conta a história
de Richard Wanley (Edward G. Robinson) um maduro professor de Criminologia de
uma tradicional faculdade que tem um pesadelo no qual se envolve com uma mulher
e acaba por cometer um crime de morte. Afinal Wanley desperta e aliviado
descobre que tudo não passara de um terrível tormento que tivera durante o
rápido sono no qual caíra após uma dose a mais tomada junto com dois amigos, um
médico e um promotor de Justiça. Alice Reed (Joan Bennett) é a mulher que Wanley
conhece nesse aflitivo sonho, rosto que ele admirou em um retrato em uma
vitrine. O espectador até desconfia pela sucessão de coincidências que a
aventura vivida pelo professor não fosse real, mas Lang transporta a angústia e
o desespero do professor para quem assiste o filme. E mais admiravelmente ainda
o diretor faz com que Wanley revele instintos obscuros que ele próprio jamais
imaginara possuir. E.G. Robinson está magnífico e Dan Duryea é um cínico chantagista.
Joan Bennett linda e sensual deixa a desejar como a mulher do retrato. Atenção para
a genial sequência em que Wanley desperta do pesadelo. 9/10
domingo, 3 de maio de 2020
AMOR A TODA VELOCIDADE (Viva Las Vegas), 1964
Os melhores filmes da fase
inicial (a melhor) da carreira de Elvis Presley como ator foram aqueles
dirigidos por diretores conceituados como Michael Curtiz e Don Siegel. Quando
se anunciou que George Sidney iria dirigir o Rei do Rock imaginou-se que do
encontro resultaria um grande sucesso. E foi o que aconteceu, ao menos em
termos de público que não deixou de correr para ver o grande ídolo
interpretando um piloto de competições que, precisando de dinheiro, vai a Las
Vegas onde acaba como garçon mas com tempo para namorar e conquistar
Ann-Margret. Ah, claro que ao final Elvis consegue vencer o GP de Las Vegas.
Tudo em meio a muita música, nem todas com a qualidade da canção-título ‘Viva
Las Vegas’ e principalmente da clássica ‘What’d I Say’, momento maior do filme.
Presley canta animadamente ‘The Yellow Rose of Texas’ e ‘Santa Luzia’, esta
apenas ouvida na trilha musical. Porém este “Amor a Toda Velocidade” fica longe
dos grandes musicais de Sidney ainda que agrade em cheio aos fãs de Elvis que
pouco se importam com sua limitação como ator. Ann-Margret chega a ofuscar o
The King pois canta e dança, ainda que apenas razoavelmente, mas é bonita,
graciosa e sensualíssima. Elenco de coadjuvantes inexpressivo que desperdiça
Wiliam Demarest. “Feitiço Havaiano” nunca foi superado como veículo para Elvis
Presley. 6/10
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