Este policial ‘B’ de Joseph
H. Lewis é extraordinário ao demonstrar do que é capaz de realizar um diretor
criativo quando consegue um pouco mais de liberdade, o que os grandes estúdios
não permitiam. Produzido por uma produtora independente (a King Brothers) e
distribuído pela United Artists, mesmo sem contar com nenhum nome famoso no
elenco “Mortalmente Perigosa” chamou a atenção de muitos críticos e cineastas quando
de seu lançamento. Tudo porque conta a história de dois jovens que dividem o
amor por armas, pela aventura e finalmente um pelo outro, antecipando o que
Jean-Luc Godard e Arthur Penn filmariam anos depois respectivamente com “Pierrot
Le Fou” e “Bonnie & Clyde”. Dalton Trumbo foi o autor do roteiro mas seu
nome teve que ser substituído pelo de Millard Kaufman, porém os méritos totais
se devem à inventividade do diretor Lewis e à cinematografia de Russell Harlan.
A notável sequência do assalto ao banco em Hampton dura quatro minutos sem
nenhum corte tendo sido toda filmada com a câmera na parte traseira de um
automóvel. O ritmo é frenético em muitos momentos, o que não é característica
de filme noir, embora a principal personagem feminina (Peggy Cummins) seja
típica do gênero, atraindo irresistivelmente seu parceiro de crimes (John Dall)
para o amor e para a morte. O livro “Alternate Oscars” atribuiu a “Gun Crazy” o
Oscar de Melhor Filme de 1949. 9/10
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