A ‘Comédia à Italiana’ foi
um gênero que marcou época e que teve início com “Os Eternos Desconhecidos”,
filme de Mario Monicelli. Com nuances do movimento neo-realista, essa comédia
tem profundo caráter social com personagens identificados com pessoas simples.
Passa-se numa Roma inteiramente diferente da focalizada, por exemplo, em “La Dolce
Vita” e reúne um grupo de atrapalhados vigaristas sempre prontos a dar golpes. A
parte final até que se aproxima de “Rififi”, de Jules Dassin, do qual “Os Eternos
Desconhecidos” seria uma paródia, mas o pitoresco de cada tipo e os saborosamente
sarcásticos diálogos fazem do filme de Monicelli uma comédia incomum. Um genial
achado do roteiro é o personagem de Totó que reverencia toda a comicidade que o
cinema italiano criou anteriormente. Traz o grande ator dramático Vittorio Gassman
fazendo rir a cada fala sua e ainda Memmo Carotenutto e Marcello Mastroianni,
este menos engraçado. Presença da bela Rossana Rory e das então jovens
promessas Claudia Cardinalle e Carla Gravina. “Os Eternos Desconhecidos”
concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, deu a Gassman o Nastri d’Argento
de Melhor Ator e teve uma sequência intitulada “O Golpe dos Eternos
Desconhecidos”, dirigida por Nanni Loy, com quase todo o mesmo elenco em 1959. Em
1985 foi filmado “Uma Dupla Irreverente” (I Soliti Ignoti Vent’Anni Dopo), com Mastroianni
e Tiberio Murgia. O filme de Monicelli é uma comédia clássica que a cada
revisão se mostra mais engraçada. 9/10
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