Alfred Hitchcock bem queria
filmar o livro “Celle qui n’était plus”, mas Henri-Georges Clouzot chegou antes
e realizou o suspense mais hitchcockiano do cinema. Em quase duas horas que não
permitem ao espectador respirar direito, Clouzot conta como Christina (Vera
Clouzot) e Nicole (Simone Signoret), duas professoras amigas, decidem
assassinar Michel (Paul Meurisse), o violento e despótico marido de Christina.
Após consumar o assassinato, uma série de situações estranhas passam a ocorrer
o que leva Christina ao desespero até que ela não mais suporte o medo e a
culpa. Como o próprio Clouzot pede ao final de “As Diabólicas”, mais não se
pode dizer sobre o desfecho deste filme, desfecho que é decepcionante e
incondizente com o admirável desenvolvimento ao longo do thriller. Poucas vezes
a morbidez atingiu tamanho grau e é uma pena que o roteiro dissipe o
lesbianismo que existe no livro e é levemente insinuado no filme. Afinal era
1955 ainda. Simone Signoret é magnífica e Paul Meurisse excelente, enquanto a
atriz brasileira Vera Clouzot quase coloca a perder o trabalho e dedicação do
esposo-diretor que se esforça ao extremo para ressaltar sua participação. Sucesso
de público e crítica, este é um dos grandes filmes de suspense que o Mestre
Alfred nunca cansava de elogiar e que foi muito imitado. Hollywood fez uma
versão com Sharon Stone. 9/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário