domingo, 30 de setembro de 2018

UM HOMEM CHAMADO CAVALO (A Man Called Horse), 1970


Elogiado quando de seu lançamento pela autenticidade com que mostrava a cultura Sioux, este filme foi muito criticado pelos movimentos pró-índios por retratá-los como seres extremamente cruéis. Uma das inverdades que apresenta seria o costume Sioux de abandonar seus velhos desamparados, deixados para morrer de fome e de frio. E mais ainda o irreal ritual da cerimônia do ‘voto do sol’ na qual deve o guerreiro provar sua coragem submetendo-se a bárbara tortura. Por esse castigo passa um aristocrata inglês que durante uma caçada em terras indígenas é capturado pelos Sioux e tratado como animal de carga. Consegue ele provar sua coragem e ganha o respeito da tribo ao liderar os guerreiros atacados pelos índios Pawnees, tornando-se chefe Sioux. Os índios de “Um Homem Chamado Cavalo” se expressam em Lakota, antecipando “Dança com Lobos” mas a presença de muitos atores não-índios roubam a pretensa autenticidade. Richard Harris é o inglês que respeita os nativos e passa a ser por eles respeitado num tipo de personagem que repetiria diversas vezes, inclusive nas duas continuações que este western teve. Harris deixa saudade de sua magnífica interpretação em “Camelot”, mas pelo menos não se excede como Judith Anderson e o francês Jean Gascon. Esplêndida trilha sonora de Leonard Rosenman e magnífico trabalho de Yakima Canutt como diretor de 2.ª unidade. 7/10 




sexta-feira, 21 de setembro de 2018

AL CAPONE (Al Capone), 1959


No final dos anos 50, enquanto na TV Robert Stack fazia sucesso como o agente federal Eliot Ness, o ‘Filme de Gângster’ teve um revival com produções modestas. Vários bandidos famosos tiveram suas vidas filmadas e John Ericson foi ‘Pretty Boy Floyd; Mickey Rooney foi ‘Baby Face Nelson’; e Al Capone, o mais famoso de todos os gângsteres, foi vivido por Rod Steiger. Ninguém mais apropriado que Steiger pela grande semelhança física numa interpretação até hoje insuperável do mafioso, lembrando que vem aí ‘Fonzo’ (2018), nova biografia de Alphonse Capone. “Sou um homem de negócios”, diz Capone a certa altura deste filme dirigido por Richard Wilson e como um empreendedor o gângster ítalo-americano organiza o crime em Chicago, aliciando políticos, policiais e jornalistas. Todos encobrem a violência que Capone emprega para atingir seus objetivos e sua trajetória mostrada neste filme só não é perfeita por conter algumas imprecisões biográficas. O roteiro criou para Capone um romance fictício com uma viúva e quase ignorou a importância da Receita Federal e do FBI que puseram fim ao império do gângster. A atuação vigorosa de Rod Steiger, as ótimas sequências de ação como o Massacre do Dia de São Valentim e ainda a fotografia soberba de Lucien Ballard tudo compensam. Finoriamente “Al Capone” contrapõe na guerra de gangs ítalos-americanos aos bandidos oriundos da Irlanda e Polônia. 8/10




sexta-feira, 7 de setembro de 2018

AMOR FEITO DE ÓDIO (The Man who Loved Cat Dancing), 1973


Burt Reynolds estava a caminho de ser o pentacampeão de bilheterias de Hollywood (de 1978 a 1982) e já era considerado o homem mais bonito do cinema norte-americano quando atuou neste tumultuado (nos bastidores) western. Ele é Jay Grobart, libertado após cumprir pena por ter assassinado o estuprador de sua mulher índia chamada Cat Dancing. Jay forma então um bando e assalta um trem mas não contava, porém, ter como inconveniente companhia uma mulher que fugira do marido (Sarah Miles). Esta tenta fazer Grobart esquecer Cat Dancing mas desperta mesmo é a libido de membros do bando. A primeira metade deste filme prende a atenção mesmo com a presença de Sarah Miles completamente fora do personagem, uma mulher que deveria ter forte personalidade e ser irresistível, alguém assim como Claudia Cardinalle em “Os Profissionais”. Mas falta tudo à atriz inglesa que compromete inteiramente o faroeste. Não bastasse a inexpressiva Sarah, ainda há George Hamilton como um afetado marido autoritário. Richard C. Sarafian, o diretor do cultuado “Corrida Contra o Destino”, dirige “Amor Feito de Ódio” em que nem a música de John Williams ajuda. Ótimo Jack Warden e desperdício total de Lee J. Cobb, como compreensivo xerife. Burt Reynolds brilha com sua presença forte fazendo um homem do Oeste capaz de um sentimento que a direção de Sarafian não permite ser sublime. 6/10 - Cópia gentilmente cedida pelo cinéfilo e colecionador Marcelo Cardoso.