Quando ainda havia poesia
nos morros cariocas Vinicius de Morais buscou inspiração na mitologia grega e
escreveu a peça “Orfeu da Conceição” contando o amor trágico de Orfeu e
Eurídice. O francês Marcel Camus adaptou a obra de Vinicius mantendo algumas das
belas canções que Tom Jobim e Luís Bonfá compuseram para a peça. Camus que
gostava de exotismos e ambientou seu primeiro filme nos arrozais do Vietnã
jamais poderia imaginar que “Orfeu Negro” recebesse a Palma de Ouro em Cannes,
o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro. A história transcorre
numa favela que se prepara para o Carnaval e Orfeu (Breno Mello) que está noivo
de Mira (Lourdes de Oliveira) se apaixona por Eurídice (Marpessa Dawn).
Enciumada Mira persegue Eurídice, esta acaba morta acidentalmente e ao final
Mira provoca a morte de Orfeu. Em meio a música e dança incessantes com os
personagens se revezando ao gritar ‘Orfeeeeu’, o filme se mostra em alguns
momentos de um amadorismo constrangedor. A intenção única parece ser a de
mostrar ao mundo a alegria e beleza do Rio de Janeiro e seus humildes
habitantes. O ex-futebolista Breno Mello tem bom desempenho mas o destaque
maior fica com Lourdes de Oliveira, enquanto Léa Garcia é sempre excessiva. Em
meio ao elenco de brasileiros está a bonita norte-americana Marpessa Dawn.
Camus nunca mais repetiu o mesmo sucesso com outro filme e só Léa Garcia fez
boa carreira artística. 6/10
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