John Steinbeck escreveu um
caudaloso romance sobre uma família da Califórnia que remete aos personagens
bíblicos Caim e Abel. Levado para o cinema por Elia Kazan o roteiro aborda
apenas um terço do livro de Steinbeck e com isso os conflitos entre o pai Adam (Raymond
Massey) e o filho Cal (James Dean) e entre Cal e seu irmão Aron (Richard Davalos)
prescindem de melhor estrutura. A figura da mãe Kate (Jo Van Fleet) é ainda mais
nebulosa enquanto Kazan foi mais feliz ao mostrar como Abra (Julie Harris) troca
Aron, o namorado certinho, pelo atormentado Cal. A angústia de Cal, bem como
sua inveja do irmão mais amado pelo pai, tudo prescinde de razão que os
trejeitos que Dean impõe ao personagem são insuficientes e em nada colaboram
com a essência da história. Porém este filme é cultuado e considerado para
muitos como a melhor interpretação de James Dean, ele que passa o filme todo
exercitando os maneirismos que em Marlon Brando soavam mais autênticos e que Dean
torna caricatos. Fazendo caretas, encostando-se às paredes, revirando os olhos
e correndo quando deveria andar, James Dean provoca comoção em seus admiradores
do mesmo modo que irrita quem vê isso como excessos interpretativos ensinados
no Actors Studio. “Vidas Amargas”, que tem a ótima Jo Van Fleet, é um drama que
Kazan tornou intenso e sombrio mas que termina com uma sequência piegas no
leito de morte de Adam. 6/10
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
OS DOZE CONDENADOS (The Dirty Dozen), 1967
Este é um daqueles filmes
que, ao final, comportam a expressão: “Que filmaço!” Divertimento garantido com
150 minutos de duração que não pretende ser nenhum libelo contra a insanidade
das guerras mas que demonstra como homens são mandados para a morte em missões
pensadas pelos estrategistas de gabinete. A missão no caso é incendiar e matar
dezenas de oficiais alemães que se divertem num castelo na França ainda ocupada.
Doze homens são escolhidos para isso, a metade deles condenados à morte e os
demais a penas de 20 a 30 anos por tribunais militares. O que poderia ser uma
missão impossível torna-se exequível porque estarão sob o comando do Major Reisman
(Lee Marvin), truculento mas justo e corajoso oficial que exige a comutação das
penas do grupo todo. Algumas das sequências da preparação dos ‘doze encardidos’
são memoráveis e hilariantes e o clímax com a invasão do chateau é emocionante.
Lee Marvin na atuação de sua vida, soldado condecorado que foi na II GG, está
magnífico, irreverente com seus superiores e dirigindo blindado de muitas rodas.
O elenco fantástico tem um Charles Bronson excelente, Ernest Borgnine e George
Kennedy fazendo rir, Robert Ryan, Telly Savalas, Donald Sutherland, John Cassavetes
e muitos outros nomes, todos otimamente aproveitados pela direção inspirada de
Robert Aldrich em merecido enorme sucesso de bilheteria. Darci Fonseca – 9/10
terça-feira, 5 de novembro de 2019
CHOFER DE PRAÇA, 1959
Primeira produção da PAM,
produtora de Amácio Mazzaropi, desta vez contando as aventuras do caipira
Zacarias (Mazzaropi) dirigindo um carro de praça pelas ruas de São Paulo. Zacarias
(a quem chamam ‘por caria’) sai de sua cidadezinha com a esposa Augusta (Geny
Prado) para ficar mais perto do filho Raul (Celso Faria) e ajudá-lo a concluir
o curso de Medicina. Mas Raul é um filho ingrato e se envergonha da pouca
instrução, modos rudes e pobreza do pai, a quem explora tanto quanto a vontade
de ignorá-lo. A direção de Milton Amaral conduz bem o roteiro escrito por
Mazzaropi nesta comédia com tons dramáticos em que os melhores momentos, como
não poderia deixar de ser, são as confusões que Zacarias se envolve no trânsito
ainda tranquilo de São Paulo e com a vizinhança da vila onde mora. Mazzaropi
sabia como poucos retratar as pessoas humildes e o local onde Zacarias foi
morar é palco de saborosos momentos com o gentio que fica mais à janela de suas
casas vigiando as vidas alheias que fazendo suas obrigações. Este é um dos
melhores filmes de Mazzaropi e, embora os créditos digam ter sido filmado nos
estúdios da Vera Cruz, tem como cenário a São Paulo daquele fim de década e que
em seguida passaria por brutais transformações físicas e sociais. Mazzaropi
brilha como dono do filme que é. Números musicais com Agnaldo Rayol, Lana
Bitencourt e Mazzaropi ao lado do compositor Elpídio dos Santos. 8/10
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