Nenhum outro cineasta criou
cenários tão impressionantes quanto Stanley Kubrick para sua fantasia
futurística baseada no livro de Anthony Burgess escrito em 1959. Para seu tempo
esta obra de Kubrick foi considerada ultraviolenta sendo que, ainda hoje choca
pela brutalidade. A selvageria exposta na tela ganha contornos de maior
crueldade com a música (Beethoven, Rossini) e a câmara inquieta sempre em busca
de ângulos inusitados. Por momentos Kubrick dá a impressão de haver reinventado
o cinema tal o deslumbramento que provoca com este filme excepcionalmente
original. “Laranja Mecânica”, estranhíssimo título que a rigor nada significa,
conta como Alex de Large (Malcolm McDowell), líder de uma gang, comete um
assassinato, é preso e para poder sair da prisão aceita ser voluntário num
programa de reabilitação. O programa ao qual é submetido o torna um ser com total
aversão à violência, programa que visa reduzir a população carcerária com fins
políticos. Kubrick é lembrado por ser o mais meticuloso dos cineastas e isso é
notório na notável composição cinematográfica que obtém. Difícil então entender
como esse diretor permitiu interpretações pavorosas como as do escritor, do oficial
chefe da prisão e do inspetor correcional, todas em muito ultrapassando o
ridículo. Há muito sexo e sadismo,
mas é a inesquecível criação de Malcolm McDowell que torna obrigatório este
filme imperfeito. 8/10.
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