Enorme sucesso na Broadway,
onde foi encenado 1.063 vezes nos dois anos e meio em que esteve em cartaz, este
musical sobre uma greve numa fábrica de pijamas tinha o destino certo que era
virar filme. Praticamente todo elenco teatral foi contratado pela Warner, menos
Janis Paige que interpretava Babe Williams, a líder operária que reivindicava
7,5 centavos de dólar de reajuste no salário, quantia negada pelo patrão. Janis
Paige não era um nome ‘forte’ para as bilheterias e Doris Day foi chamada,
quase uma estranha no ninho no elenco importado da Broadway. Com seu talento Doris
criou uma inesquecível ‘Babe Williams’ num filme onde romance, humor, dança e
muita música fizeram de “Um Pijama para Dois” um dos melhores musicais de uma
década repleta de grandes musicais. E não poderia ser diferente pois Bob Fosse
respondeu pela coreografia e Jerome Robbins (não creditado) atuou na direção ao
lado da dupla de diretores Stanley Donen-George Abbott. Entre as canções
memoráveis (todas de Richard Adler e Jerry Ross) destaque para “Hey There”, “Small
talk” e “Hernando’s Hideway”, esta o ponto alto da coreografia de Fosse e
dançada por Carol Haney. John Raitt, que faz o par romântico com Doris, é dono
de boa voz mas fraco como ator. Carol Haney histriônica, mas como dança! E
Doris Day esplêndida, linda, cativante e maravilhosa em “There Once a Man” e
comovente cantando “Hey There’. 9/10
terça-feira, 14 de maio de 2019
quarta-feira, 8 de maio de 2019
BONECA DE CARNE (Baby Doll), 1956
Condenado pela organização
católica Legião da Decência, nos Estados Unidos, recebendo de críticos
adjetivos como ‘indecente’ e ‘sórdido’ e sendo proibido em alguns países, nem mesmo
provocando este estardalhaço o filme de Elia Kazan se transformou em sucesso.
Baseado em texto de Tennessee Williams, que também adaptou para o cinema,
“Boneca de Carne” narra uma história passada no Delta do Mississippi com
disputa entre dois homens que processam algodão. O maduro Archie Lee (Karl
Malden) é casado com a jovem Baby Doll (Carroll Baker), a quem devido a um
trato feito com o pai da moça, só poderá possuí-la quando ela completar 20
anos. Archie Lee ateia fogo no armazém de algodão de Silva Vacarro (Eli
Wallach) que se vinga envolvendo-se com Baby Doll para desespero do marido
traído que, armado, busca vingança. A dramaticidade da história se transforma
em comédia de humor negro com momentos de intensa lubricidade provocados pela
impudica e libidinosa Baby Doll. Fica a impressão que o filme poderia ser muito
melhor fossem outros os atores (Marlon Brando era a escolha inicial para Archie
Lee). Estreia no cinema de Eli Wallach que assim como Karl Malden não convencem
como os dois litigantes, ao contrário de Carroll Baker que esbanja sensualidade
mesmo mostrando quase nada de seu corpo. Típico filme que merecia ser refeito
sem as amarras do código de moralidade então vigentes em Hollywood. 7/10
domingo, 5 de maio de 2019
THELMA E LOUISE (Thelma & Louise), 1991
Houve quem não gostasse
deste filme porque as duas protagonistas somente conseguem sair das situações
difíceis com revólver à mão. Ora, a força bruta masculina que submete
psicológica e fisicamente as mulheres seria, por acaso, menos violenta? Thelma
(Susan Sarandon) e Louise (Geena Davis) cansadas de serem tratadas com
insignificância por seus namorado e marido, respectivamente, decidem viajar num
final de semana com a pretensa ideia de encontrar, mesmo efemeramente, a
liberdade. O Ford Thunderbird conversível lhes dá a falsa impressão de
emancipação do mundo machista, mas este, nem assim lhes dá trégua. Durante a
jornada são vítimas de estupro, ludibriadas, insultadas e inesperadamente reagem
com fúria. A viagem revela-se fatídica para elas que, num dos finais mais
poéticos do cinema, desistem da vida num voo para a morte. ‘Road movies’ sempre
tiveram homens à procura da liberdade e “Thelma e Louise” não só rompe com esse
padrão como é o mais melancólico e ao mesmo tempo o mais encantador dos filmes
de estrada. Isto mesmo lembrando de “Cada Um Vive Como Quer”, este com a dose
de amargura que o filme de Ridley Scott mescla com momentos divertidos em sua
trágica concepção. As brilhantes interpretações de Susan Sarandon e Geena Davis
são magnificamente completadas pela música de Hans Zimmer e pela primorosa
cinematografia. 10/10
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