O final do filme original
realizado dois anos antes deixava clara a possibilidade de uma continuação da
saga dos Corleones. No entanto Coppola e Mario Puzo optaram não apenas por uma
mera continuação, mas em contar desde o início a trajetória do pequeno Vito Andolini
que foge da Sicília chegando órfão a Nova York. Lá é introduzido nas atividades
ilegais e logo cria sua própria ‘Famiglia’, que se torna muito poderosa. Um
corte de 40 anos traz Michael Corleone (Al Pacino) às voltas com disputas entre
interesses rivais, traições e execuções. “Se
há algo certo nesta vida, é que se pode matar qualquer um”, diz Michael
sintetizando seu modo frio de agir que o leva ao total isolamento. Flashbacks contrapõem
a filosofia de Vito Corleone (Robert De Niro) à de Michael numa tragédia
familiar de proporções tão enormes quanto a dramaticidade que envolve todos os
personagens. A complexidade da trama é desenvolvida magnificamente por Coppola
permitindo que os muitos personagens coadjuvantes ganhem importância, como o
senador da história, um cruel retrato da classe política. As sequências da Nova
York do início do século são deslumbrantes. Sem o carisma de Brando, Pacino
domina o filme mas é Robert De Niro quem impressiona fortemente como o jovem
Corleone. 10/10
terça-feira, 31 de julho de 2018
domingo, 29 de julho de 2018
O PODEROSO CHEFÃO (The Godfather), 1972
Este filme de Francis Ford
Coppola é um caso único na história do cinema: enorme sucesso de público
conseguiu agradar aos mais exigentes críticos; com três horas de duração
envolve totalmente o espectador mesmo sendo concebido como um ‘filme de arte’;
arrebatou todos os prêmios possíveis e conseguiu a façanha de ter uma continuação
com idêntico nível artístico; por fim confirmou que qualquer referência superlativa
a Marlon Brando sempre parece pouco. O roteiro de Coppola e Mario Puzo (este
autor do livro) mostra brilhantemente como funcionava a máfia, sua divisão,
disputas internas e como dominava diversos setores da sociedade de políticos ao
judiciário, passando pelos sindicatos. Don Corleone (Marlon Brando) é o mais
poderoso entre os chefes da organização e resiste em ampliar os negócios (prostituição,
proteção e jogo) com o mais lucrativo comércio das drogas. Outros chefes tentam
eliminar o velho Corleone mas é seu filho Michael (Al Pacino) quem assume a
liderança do clã, restaurando o poder ameaçado. Além de Brando, o grande elenco
é magnífico com destaque para Al Pacino. Tudo é perfeito neste filme, da música
de Nino Rota à fotografia de Gordon Willis culminando com a ambientação proporcionada
pelo trabalho extraordinário do designer de produção Dean Tavoularis. 10/10
terça-feira, 10 de julho de 2018
NO VELHO COLORADO (THE MAN FROM COLORADO), 1948
Um filme reunindo os ainda jovens Glenn
Ford e William Holden nos papeis principais é uma atração, mesmo que não se
saiba ao final qual deles é o protagonista do título. Esta complexa história de
Borden Chase roteirizada por Ben Maddow é uma agradável surpresa e mais ainda
porque Glenn Ford interpreta um psicótico Coronel do Exército da União que
comete uma atrocidade ao final da Guerra Civil. Nomeado Juiz Federal segue o
juiz perpetrando atos que denunciam sua crescente loucura que o faz perder o
melhor amigo (Holden) e também a esposa (EllenDrew). O desvario do militar o
leva, como se fosse um Nero do século XIX, a incendiar uma cidade neste
faroeste com forte carga psicológica. Henry Levin foi um diretor pouco lembrado
de filmes nada memoráveis numa extensa filmografia que começou nos westerns B,
mas vez por outra acertava em cheio, como neste western. Ford e Holden já
haviam atuado juntos em “Gloriosa Vingança” (Texas), de 1941, e é Ford quem tem
os melhores momentos como o sádico e atormentado ex-oficial. “No Velho
Colorado” reserva bom espaço para excelentes coadjuvantes como Edgar Buchanan,
Denver Pyle, Ray Teal e James Millican. Destoa a inexpressiva ruiva Ellen Drew
cujo personagem é o único mal delineado. Este é um imperdível quase esquecido
faroeste. - 8/10 - Cópia gentilmente cedida pelo cinéfilo e colecionador Sebá Santos.
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