Esta modesta produção
dirigida por Larry Peerce é uma apavorante viagem filmada quase inteiramente
dentro de um vagão do metrô de Nova York. Já de madrugada 14 passageiros são
aterrorizados por dois marginais (Tony Musante e Martin Sheen) que se divertem
ameaçando-os e agredindo-os, impedindo a saída do vagão. Ninguém escapa da sanha
dos criminosos e o líder (Musante) usa de pervertida psicologia para, um a um, desmoralizar
a todos. Entre as vítimas estão um homossexual,um viciado, casais negros,
brancos e idosos e até dois jovens soldados do Exército. A selvageria da dupla instala
o pavor e faz com que os passageiros revelem seus problemas pessoais e
verdadeiras personalidades. O diretor Peerce dirige com habilidade fazendo
crescer minuto a minuto o desespero não só dos passageiros mas também do
espectador numa tensão que explode com um final angustiante e catárquico. O
elenco composto por jovens atores praticamente desconhecidos como Beau Bridges
e Musante, além de Martin Sheen e Donna Mills em seus primeiros filmes. São
coadjuvados por veteranos com participações marcantes, especialmente as de Jan Sterling,
Gary Merrill e do negro Brock Peters. Drama
violento que pode não agradar a todos mas que é quase perfeito. O ‘quase’ fica
por conta da facilidade com que os dois delinquentes são abatidos ao final. 9/10 - Cópia gentilmente cedida pelo cinéfilo e
colecionador Sebá Santos.
domingo, 27 de outubro de 2019
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
A NOIVA ESTAVA DE PRETO (La Mariée Était em Noir), 1968
François Truffaut era tão
apaixonado pelo cinema de Alfred Hitchcock que, depois de consagrado, decidiu
fazer filmes para homenagear o Mestre do Suspense. Este é seu filme mais
hitchcockiano mas está longe de ser uma homenagem lisonjeira. No dia de seu
casamento Julie Kohler (Jeanne Moreau) vê seu marido ser morto por um tiro disparado
acidentalmente em uma brincadeira entre cinco homens. Eles desaparecem sem
deixar vestígios, mas Julie descobre quem eles são e onde estão,
assassinando-os cada um de modo diferente. Essa vingança fria e racional é o
problema maior do filme que não explica como a viúva chega aos cinco homens. À
parte o roteiro incoerente, pouca coisa funciona a contento e o filme de
suspense simplesmente não tem suspense. O final que pretende ser surpreendente
é totalmente previsível. Truffaut só consegue agradar quando cria um personagem
(um alter-ego seu) que se apaixona por sua modelo (a própria Jeanne). La Moreau,
uma atriz minimalista em suas expressões quase sempre ressentidas e pessimistas,
carrega o filme com seu charme irresistível, especialmente quando três de suas
vítimas descobrem seus encantos. O elenco de coadjuvantes tem nomes conhecidos que
atuam sem maior brilho. Bernard
Herrmann, compositor das trilhas de Hitchcock, cuidou da música e Raoul Coutard
da cinematografia. 5/10
terça-feira, 15 de outubro de 2019
EM FAMÍLIA, 1971
Este tocante drama sobre a
velhice e, por extensão, sobre o egoísmo dos filhos diante de seus pais recebeu
muitos prêmios e depois, imerecidamente, o esquecimento. Um casal de idosos
(Rodolfo Arena-Iracema de Alencar) não pode mais pagar o aluguel da casa onde
moram e, sem ter para onde ir, se alojam em diferentes casas dos filhos, uma em
cada cidade. São tantos os problemas que vão surgindo que a mãe acaba indo para
um asilo enquanto o pai é mandado para Brasília, separados depois de toda uma
vida juntos e sem que seus quatro filhos façam maior esforço para os ajudar. Baseado
em romance e peça teatral dos anos 30, a adaptação para nossa realidade foi
feita por Oduvaldo Viana Filho em parceria com Paulo Porto, este também
diretor. Ferreira Gullar colaborou no roteiro deste perfeito retrato de
situações que são comuns em muitas famílias e no qual a música de Egberto
Gismonti realça o clima de melancolia que permeia o filme um tanto teatral. Porém
as externas de “Em Família” formam um rico documento mostrando aspectos de uma
São Paulo que não existe mais, especialmente o bairro do Canindé e suas ainda
irreconhecíveis Marginais. Elenco homogêneo com comoventes interpretações de
Fernanda Montenegro, Rodolfo Arena e Iracema de Alencar, coadjuvados pelas
ótimas Anecy Rocha e Odete Lara. Último filme de Procópio Ferreira, divertido
em cada fala e olhar nos únicos momentos engraçados da história. 8/10
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