Três são os principais
personagens deste drama que aborda convicções religiosas. O primeiro um
charlatão carismático (Burt Lancaster) que se aproveita da necessidade que as
pessoas têm de serem conduzidas pela fé. Depois a pregadora evangélica (Jean
Simmons) que acredita no poder da sua pregação e mesmo em sua capacidade de ser
instrumento divino. Por fim o jornalista ateu (Arthur Kennedy) que relata com
fidelidade em seus artigos o que vê ocorrer naquela tenda religiosa. Baseado na
obra homônima de Sinclair Lewis, este filme de Richard Brooks debate
exemplarmente essas questões sem tomar partido, permitindo que o espectador
tire suas conclusões do que é a fé e como ela pode ser manipulada por
espertalhões como ‘Elmer Gantry’. Lancaster está excepcional como o hipócrita,
beberrão e mulherengo que se apaixona por Jean Simmons e que acaba enganado
pela prostituta vivida por Shirley Jones. Esta se esforça para que se esqueça
seus suaves personagens de “Oklahoma” e “Carrossel”, enquanto Jean Simmons (então
esposa de Brooks) está mais adequada como a ingênua ‘Sister Sharon’. O final excessivamente
moralista para este filme onde quase todos são amorais o impede de ser uma
obra-prima. De qualquer modo, um dos mais corajosos filmes de seu tempo e que
não perdeu a atualidade. 9/10 - Cópia gentilmennte cedida pelo cinéfilo Marcelo Cardoso.
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
sábado, 16 de setembro de 2017
O SELVAGEM (The Wild One), 1953
Baseado em um fato ocorrido
em 1947, Stanley Kramer produziu este filme sobre o comportamento dos motociclistas
que andavam em grupo. Escolheu Marlon Brando para interpretar o líder dos BRMC (Black
Rebels Motorcycle Club) que estampavam nas costas dos blusões de couro uma
caveira e dois pistões, com Brando pilotando uma Triumph Thunderbird. Entre
tantos grandes filmes que fez em sua primeira década como ator, foi como o pouco
articulado e rude ‘Johnny’ que Brando mais foi lembrado, tendo sua figura
equivocadamente identificada com a própria rebeldia. E isto numa produção
barata, dirigida pelo húngaro Laslo Benedek, filme que se transformaria no
maior propulsor da formação dos bandos de motociclistas nos EUA e fora deles.
Kramer nunca abriu mão da polêmica e o violento para seu tempo “O Selvagem”
provocou muitas discussões, não faltando quem o considerasse incentivador da
violência e vandalismo, tanto que foi proibido na Inglaterra, onde só foi
exibido em 1964. Conciso e bem realizado em seus 79 minutos de duração “O
Selvagem” chegou junto com a explosão do rock’n’roll e Brando é até comportado
perto de Lee Marvin em sua curta presença como ‘Chino’, este sim, retrato bem
acabado do espírito dos assemelhados aos Hell Angels. A inexpressiva Mary
Murphy é quem atrai Marlon Brando. 8/10
quinta-feira, 14 de setembro de 2017
SEDUZIDA E ABANDONADA (Sedotta e Abbandonata), 1964
Após o sucesso e os prêmios
conquistados com “Divórcio à Italiana”, Pietro Germi voltou a dirigir seu
sarcasmo aos costumes da arcaica Sicília. Com “Seduzida e Abandonada” Germi foi
menos refinado que no filme anterior e mais cruel ao satirizar as questões de
honra que determinam os comportamentos daquele ‘paese’. Em certo momento desta
tragicomédia um personagem diante de um mapa da Itália tampa com a mão a Sicília
e diz que aquilo não é a Itália. Este filme de Germi conta as desventuras da
jovem Agness (Stefania Sandrelli) de 16 anos que é seduzida pelo namorado da
irmã. O pai da infelicitada quer o reparo da honra a qualquer custo e a honra
não é mais que a preservação das aparências numa interminável sequência de
situações que oscilam do drama à farsa por vezes picaresca. Entre os
abomináveis e divertidos códigos de honra está aquele que o sedutor se recusa a
casar com a jovem por ele seduzida por haver ela cedido aos seus desejos,
tornando-se por isso indigna de ser sua esposa. Saro Urzi (premiado em Cannes)
domina todo filme com soberba atuação como o típico bruto siciliano
contrastando com a delicadeza da bela Stefania Sandrelli. Único pecado do filme
é ser um tanto longo demais. 9/10
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