Perguntado sobre qual filme
mais teve orgulho em fazer, Kirk Douglas respondeu de pronto: “Sem dúvida, ‘Glória Feita de Sangue’ pela
força, coragem e atualidade que mantém”. O ator poderia ter dito mais, como
por exemplo que esse filme realizado por Stanley Kubrick aos 29 anos de idade
beira a perfeição e é verdadeira aula de como se fazer cinema, inclusive com
pouco dinheiro. Custou 935 mil dólares, um terço do que foi gasto com “A Ponte
do Rio Kwai”, também de 1957 e que arrebatou uma penca de Oscars. Como muitos
outros grande filmes, “Glória Feita de Sangue” sequer foi lembrado em nenhuma
categoria, nem mesmo diante da soberba interpretação de George Macready como o odioso
General Mireau. Magistralmente Kubrick mostra que morrem em batalha os homens
simples enquanto os aristocratas com o peito coberto de medalhas se reúnem em
luxuosos castelos onde tramam promoções a custa de calculadas morte nos campos
de guerra. Talvez o mais cruel dos filmes, com os sórdidos dez minutos iniciais
de diálogo nauseabundo entre os dois generais franceses. A farsa do tribunal
militar montado para condenar três soldados cuja execução ‘servirá de tônico
para a divisão’ e o impressionante travelling da câmara de Kubrick na
trincheira são igualmente pontos altos. O diretor chegou a pensar num final
feliz, ideia ainda bem rechaçada e o filme se fecha poeticamente com a moça
alemã e soldados (que logo certamente morrerão) irmanados numa terna canção de
amor. Obra-prima. 10/10
Nenhum comentário:
Postar um comentário