Tanto o produtor Hal B.
Wallis como o diretor John Sturges não gostavam da versão de John Ford sobre Wyatt
Earp e o evento no Curral OK. Sturges chegou mesmo a dizer que o western de Ford
era uma ‘merda’ e Wallis sonhava produzir um faroeste que mostrasse Wyatt Earp
e Doc Holliday desmistificados. E claro, de olho no sucesso pois acima de tudo
ele era um produtor e cinema existia para se ganhar dinheiro. Foi reunido um
grande elenco encabeçado por Burt Lancaster e Kirk Douglas, bela fotografia de
Charles Lang em VistaVision, Dimitri Tiomkin bastante inspirado e o vozeirão de
Frankie Laine cantando o marcante tema principal. Sturges realizou um excelente
western historicamente tão irreal como “Paixão dos Fortes”. Tanto que dez anos
depois o diretor voltou ao mesmo tema com “A Hora da Pistola’ para corrigir o
roteiro de Leon Uris escrito para “Sem Lei e Sem Alma” que mostra uma latente relação
homossexual entre Wyatt e Doc. Lancaster chegou a dizer que esses dois personagens
“mais pareciam duas bichas pré-freudianas”. Kirk Douglas tem desempenho
excepcional, seguido por Jo Van Fleet e Lancaster só deixa de fazer discursos
durante o célebre tiroteio. Enorme sucesso de público este é um western que
divide as opiniões que só convergem quanto a ser, apesar de tudo, imperdível. 8/10 - Resenha completa no blog http://westerncinemania.blogspot.com.br/
quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
terça-feira, 27 de dezembro de 2016
20.000 LÉGUAS SUBMARINAS (20,000 Leagues Under the Sea), 1954
Esta foi a primeira
produção da Buena Vista, dos estúdios de Walt Disney, levando às telas o
clássico de ficção-científica escrito em 1870 por Jules Verne (Júlio Verne,
para nós), da série ‘Viagens Extraordinárias’. E que extraordinária viagem
cinematográfica essa dirigida por Richard Fleischer, verdadeiramente assombrosa
à época de seu lançamento, que no Brasil ocorreu em 1955 acompanhada por um
álbum de figurinhas da Editora Vecchi com cromos com as fotos do filme. Milhares
de garotos foram então ‘apresentados’ a Kirk Douglas vibrando com ele em sua
aventura à bordo do Nautilus lutando contra diversos inimigos, inclusive um
polvo gigante. Mas nenhum inimigo tão ameaçador quanto o delirante Capitão Nemo
vivido por James Mason. Gregory Peck foi o primeiro nome cogitado para
interpretar o marinheiro ‘Ned Land’ e Walt Disney acertou em cheio ao pagar 175
mil dólares a Kirk Douglas que criou um herói inesquecível. A história já havia
sido filmada em 1916 e “20.000 Léguas Submarinas” assistido mais de 60 anos
depois, nestes tempos em que cinema se confunde com efeitos especiais, continua
um divertimento imperdível. 8/10
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
QUEM É O INFIEL? (A Letter to Three Wives), 1949
Realizado pela 20th
Century-Fox e mesmo tendo sido premiado com dois Oscars – Melhor Direção e Melhor
Roteiro, recebidos por Joseph L. Mankiewicz – este é um dos filmes menos
lembrados entre aqueles da primeira fase da carreira de Kirk Douglas. Examinando
a vida de três casais de classe média, Mankiewicz cria uma trama inusitada na
qual um dos três maridos trai a esposa. Elas são avisadas por uma carta que as
deixa em pânico e faz com que, através de flashbacks, relembrem da ameaça a
seus lares chamada ‘Addie Ross’, a amiga comum das três esposas e que em comum
tem ainda o fato de ser admirada pelos três maridos. O inteligente roteiro sugere
que as esposas não poderiam mesmo confiar na amiga fatal, também a narradora
invisível da história (voz de Celeste Holm). O espectador é desafiado a
descobrir qual dos maridos sucumbirá, num final surpreendente que perde a força
em função do feliz ‘The End’ que o filme não merecia. Como um mal remunerado professor
de Literatura, Kirk Douglas tem alguns dos melhores momentos do filme. Ann Sothern
é a esposa de Douglas e Jeanne Crain e Linda Darnell são as outras duas, num
elenco em que se destacam Paul Douglas e Thelma Ritter. 7/10
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
ÊXITO FUGAZ (Young Man with a Horn), 1950
Mas como? Kirk Douglas era trompetista? Não, não era, assim como
não sabia lutar boxe, montar a cavalo, tocar banjo e tantas outras habilidades
às quais sua determinação e profissionalismo o levou a executar com perfeição.
Para interpretar o lendário Bix Beiderbecke, biografado como ‘Rick Martin’ em “Êxito
Fugaz”, Douglas tem mais uma admirável performance ainda que quem toque de
verdade em seu lugar seja Harry James. Bix Beiderbecke morreu aos 28 anos em
1931 e essa biografia ficcional foi escrita em 1945, com a Warner logo pensando
em John Garfield para protagonizá-la. Sabiamente Jack Warner optou por seu
contratado Kirk Douglas, então com 33 anos em 1949, ele que havia impressionado
com seu desempenho como boxeur em “O Invencível”, naquele mesmo ano. A direção
foi entregue à competência de Michael Curtiz que desta vez ficou abaixo dos grandes
filmes que fazia um atrás do outro. Mesmo assim “Êxito Fugaz” é uma festa para
os fãs de música com a maravilhosa Doris Day cantando e encantando com alguns standards
da canção norte-americana e a presença de Hoagy Carmichael que, na vida real,
tocara com Beiderbecke. Lauren Bacall é a mulher que destrói a vida do
trompetista e uma pena que o forçado final feliz ignore o trágico fim do músico
que em seu tempo só tinha Louis Armstrong com talento semelhante. 7/10
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
VIKINGS, OS CONQUISTADORES (The Vikings), 1958
Por Odin! Esta pode não ser
a melhor das aventuras do cinema com sequências em alto mar, mas certamente é a
mais bonita, isto graças à excepcional fotografia de Jack Cardiff que por si só
vale pelo filme produzido e estrelado por Kirk Douglas. Porém “Vikings, os
Conquistadores” é diversão Classe A com Douglas exuberante no melhor de sua
forma física como o viking Einar. Excelentes sequências de batalha e uma impressionante
tomada de um castelo que culmina com Douglas enfrentando Tony Curtis, seu meio
irmão, ambos filhos de Ragnar, rei viking interpretado com a doce brutalidade
que era a marca registrada de Ernest Borgnine. Curtis e Douglas disputam o amor
da frágil e linda princesa galesa Janet Leigh num espetáculo com ritmo e
imagens tão perfeitas que até esquecemos das ingênuas coincidências do roteiro.
Há ainda o rigor na reprodução das vestes, armas, costumes e especialmente as
réplicas dos navios vikings. Filmado em boa parte nos fiordes da Noruega, esta
produção da Bryna fez enorme sucesso de público, boa parte dele apaixonado pelo
então casal mais querido do cinema, Tony e Janet. Mas o filme é mesmo de Kirk
Douglas, seguido de perto por Ernest, um ano mais novo que Kirk e aqui vivendo
seu pai. 8/10
segunda-feira, 19 de dezembro de 2016
GLÓRIA FEITA DE SANGUE (Paths of Glory), 1957
Perguntado sobre qual filme
mais teve orgulho em fazer, Kirk Douglas respondeu de pronto: “Sem dúvida, ‘Glória Feita de Sangue’ pela
força, coragem e atualidade que mantém”. O ator poderia ter dito mais, como
por exemplo que esse filme realizado por Stanley Kubrick aos 29 anos de idade
beira a perfeição e é verdadeira aula de como se fazer cinema, inclusive com
pouco dinheiro. Custou 935 mil dólares, um terço do que foi gasto com “A Ponte
do Rio Kwai”, também de 1957 e que arrebatou uma penca de Oscars. Como muitos
outros grande filmes, “Glória Feita de Sangue” sequer foi lembrado em nenhuma
categoria, nem mesmo diante da soberba interpretação de George Macready como o odioso
General Mireau. Magistralmente Kubrick mostra que morrem em batalha os homens
simples enquanto os aristocratas com o peito coberto de medalhas se reúnem em
luxuosos castelos onde tramam promoções a custa de calculadas morte nos campos
de guerra. Talvez o mais cruel dos filmes, com os sórdidos dez minutos iniciais
de diálogo nauseabundo entre os dois generais franceses. A farsa do tribunal
militar montado para condenar três soldados cuja execução ‘servirá de tônico
para a divisão’ e o impressionante travelling da câmara de Kubrick na
trincheira são igualmente pontos altos. O diretor chegou a pensar num final
feliz, ideia ainda bem rechaçada e o filme se fecha poeticamente com a moça
alemã e soldados (que logo certamente morrerão) irmanados numa terna canção de
amor. Obra-prima. 10/10
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